Stefhani Brito, de 22 anos, é carregada morta na garupa de moto por horas até ser abandonada às margens da Lagoa da Libânia, em Fortaleza. Segundo familiares, ela já sofria torturas do ex-companheiro, apontado como autor do crime
Este ano começa com mais um caso chocante de feminicídio. A jovem de 22 anos Stefhani Brito foi morta pelo ex-companheiro no primeiro dia de 2018. O autor do crime transitou com a jovem morta na garupa de sua moto por horas no bairro Mondubim, em Fortaleza. Os moradores presenciaram a cena, até o corpo ser abandonado nas proximidades da Lagoa da Libânia. Antes, o assassino ainda bateu a cabeça de Stefhani no tanque da moto.
Segundo o jornal O Povo, de Fortaleza, a vizinhança conta que o corpo de Stefhani ficava caído sobre ele, que parou em uma borracharia e também na calçada de uma residência. Em uma das paradas ele perguntou a uma menina de 12 anos se havia alguma farmácia aberta e parecia tranquilo. De acordo com os moradores, a mulher parecia sem vida e cheia de hematomas.
Na tarde desta terça (2), o irmão de Stefhani a reconheceu. Viu nas redes sociais que haviam achado um corpo na lagoa e quando chegou no lugar confirmou que era a irmã.
O ex-companheiro de Stefhani, com quem ela conviveu por cinco anos, é apontado como autor do crime. Uma familiar disse que a jovem era torturada e que todos viam as marcas. Ela chegou a ser queimada com ponta de cigarro e até com uma colher quente. Stefhani chegou a ir morar no Interior para se distanciar.
“Quando batia nela, ele amarrava para não gritar. Acredito que ela era ameaçada, pois sempre ela dizia, sempre que discutia, a gente pedia para que ela não fosse encontrar. E ela dizia que ia pois precisava salvar a família”, disse ao jornal.
Há pelo menos seis meses os dois terminaram o relacionamento. No último dia 1º, Stefhani foi chamada pelo homem para uma conversa. A família preocupada permaneceu ligando e a jovem atendia as ligações. No entanto, a partir das 21 horas, as conversas eram apenas pelo WhatsApp. O que faz a família acreditar que seja o autor do crime se passando por ela. Em determinado momento, as mensagens pediam todas as fotos de Stefhani do Reveillón. Amigos da vítima dizem que era o ex-companheiro querendo saber com quem ela estava.
Brasil tem quinta maior taxa de feminicídio
O ano passado, 2017, também começou com um crime de feminicídio. O técnico em laboratório Sidnei Ramis de Araujo, de 46 anos, pulou o muro da casa onde ocorria a festa de ano novo de sua ex-esposa, Isamara Filier, e entrou atirando. Isamara e outras 11 pessoas, todas da família, morreram. O crime ocorreu em Campinas (SP), e somente em dezembro foi tipificado como feminicídio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a quinta maior taxa de feminícidio no mundo. O número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.