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25 de Julho – Dia de Tereza de Benguela e dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

O Sinpsi hasteia a bandeira da justiça, a bandeira da mulher negra, latino-americana e caribenha, a bandeira da Rainha Tereza

Em 2014, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, sancionou a Lei 12.987 instituindo o dia 25 de Julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Este é um dia para rememorar as lutas destas e tantas mulheres que lutam por direitos básicos, por direito à terra, direito ao corpo, direito à liberdade entre outros e, como preconiza Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” e Tereza de Benguela se movimentou e mudou.

 A Rainha Tereza de Benguela, líder do Quilombo Quariterê, não é devidamente representada na história brasileira, como acontece com toda história que questiona os poderosos. No entanto, ainda que a história não conte suas façanhas, elas são conhecidas na arte de sobreviver a tudo o que está posto.
 
Na psicologia não é tão diferente. O artigo “Eu, Mulher, Psicóloga e Negra“ são apresentados relatos de psicólogas negras e, embora na época em que foi escrito houvessem poucas psicólogas negras, foram colhidos alguns relatos, como transcritos abaixo:

“Quando sou apresentada a alguém, ao invés da pessoa dizer – Esta é Olga, minha amiga -, diz assim: – Esta é Olga, professora de Uberlândia, mestra…aí vem todos os títulos. E isto numa situação social, onde não haveria necessidade desse tipo de apresentação.” (Olga)

“O que tenho vivido não é fácil. Quando comecei com meu consultório, muitas vezes chegava alguém com uma indicação e vinha procurar a psicóloga. Assim que eu abria a porta, e a pessoa percebia que era eu mesma que ia atendê-la, que eu era a psicóloga, levava aquele susto, ficava com uma expressão de espanto. Um dado importante: nesses anos todos de consultório, nunca tive um cliente negro”. (Neli)

[…]” No meu primeiro dia de trabalho estávamos eu (33 anos) e uma assistente social (22 anos). Fomos apresentadas a uma médica do Centro de Saúde, e na sequência da conversa a médica perguntou à jovem ‘você é a psicóloga?’ Então na cabeça da médica, já houve a inversão, a outra deveria ser a psicóloga e eu, a assistente social, porque na rede de saúde, primeiro vem o médico, segundo o psicólogo e terceiro, o assistente social.”(Edna)
“No início do meu trabalho como psicóloga, atendia crianças no ambulatório de Saúde Mental. Com crianças a relação sempre foi tranquila. Mas, no ambulatório também vinham outros pacientes e se dirigiam a mim, de inicio com desrespeito: ‘cadê a médica? Cadê a doutora?’, como que xingando. É o tipo de reação que você percebe imediatamente, que está permeada pela questão racial.” (Gicele)

Este artigo é de 1984, mas não vamos nos iludir, estes relatos estão no nosso tempo, no nosso caminho e, com a atual conjuntura, tendem a ser cada vez mais naturalizados e, é por isso que o Sinpsi hasteia a bandeira da justiça, a bandeira da mulher negra, latino-americana e caribenha, a bandeira da Rainha Tereza.

Referência:
Psicologia: Ciência e Profissão. Eu , Mulher, Psicóloga e Negra. Psicol. Cienc. Prof. Vol.4. nº 2 – Brasilia 1984

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