- Por Sindsaúde
O governador de São Paulo, João Doria Jr., pré-candidato à Presidência da República, disse, em entrevista no domingo, 9.jan, ao programa “Canal Livre”, da Rede Bandeirantes, que confiscou as aposentadorias do estado na reforma da previdência para dar àqueles que “estão com fome”. Mas, ao ser questionado se é a favor da taxação de grandes fortunas e dividendos pagos a acionistas de grandes empresas, Doria afirmou: “A priori não sou favorável a taxar fortunas e dividendos para destinar recursos para aqueles que são mais pobres. Eu quero que os mais pobres tenham a oportunidade de se tornarem ricos”.
A pergunta a respeito do confisco dos salários de aposentados e pensionistas promovidos pela reforma da previdência estadual foi realizada pelo jornalista Fernando Mitre, que disse sempre receber questionamentos nesse sentido.
Em resposta, o governador disse que, quando se faz uma reforma da previdência se diminui “vantagens” dos que estão “naquela posição”. “Eu reconheço, é um nível de conflito que você tem que enfrentar, senão não faz. Se você for corporativista, sindicalista, se não tiver coragem de fazer transformações você não as fará. Eu lamento que as pessoas tenham, ao longo dos anos, uma aposentadoria talvez menor do que aquela que desejariam ou mereceriam. Mas entre isso e ter pessoas morrendo de fome, eu prefiro que essas pessoas que estão com fome tenham renda e tenham a possibilidade de sobreviver”, comentou o governador,
Riquezas e professores
Mas, enquanto decide tirar dos aposentados e pensionistas que já estão com suas remunerações defasadas há muitos anos (o último reajuste foi de 3,5% em 2018), o governador se nega a taxar os ricos, por considerar essa uma medida “autoritária”.
Segundo Doria, ele não quer dar aos pobres “à custa daqueles que construíram honestamente dentro dos princípios de honestidade, transparência e decência, que enriqueceu trabalhando”.
O governador também exagerou na questão dos professores. Ele disse que aumentou em, em média, 73% os salários dos professores do estado, quando, na verdade, eles não receberam reajuste algum. A exemplo do que ocorreu com os profissionais de saúde, o último reajuste dado foi em março de 2018.
O que Doria fez foi encaminhar à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) um novo plano de cargos e salários para os professores, que pode reajustar os salários em até 73%. Porém, os que aderirem ao plano terão que abrir mão da estabilidade. Ou seja, muito diferente do quadro pintado por ele na entrevista.
Saúde
Dentro desse tema, o governador comentou ainda que, em fevereiro próximo, terá o “desafio” de também discutir reajuste aos trabalhadores da área de segurança pública e saúde. A conferir.
Somente no fim do ano passado, graças ao empenho da direção do SindSaúde-SP o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, aceitou iniciar uma mesa de negociação nesse sentido com o Sindicato, mas sem nada efetivo até o momento.