Acusado pelos Estados Unidos de traição por divulgar documentos militares secretos, fundador do WikiLeaks estava na representação diplomática desde 2012. “Dia de luto mundial”, diz Rafael Correa
O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, foi preso hoje (11), na embaixada do Equador em Londres. Ele estava asilado no local desde 2012. A polícia do Reino Unido divulgou nota afirmando que, para efetivar a prisão, “o embaixador equatoriano convidou a polícia britânica para entrar e ele foi imediatamente preso.”
Segundo a agência Reuters, o governo de Lenín Moreno já tinha acertado os detalhes da prisão do ativista digital com as autoridades do Reino Unido, numa operação que havia sido vazada ao próprio WikiLeaks por um funcionário do alto escalão do governo do Equador.
Assange vivia no local – acolhido pelo governo de Rafael Correa – para evitar ser detido e extraditado – primeiro para a Suécia, onde responde a uma acusação de estupro, que ele nega – e, posteriormente, para os Estados Unidos a quem acusa de persegui-lo por ter divulgado milhares de documentos secretos, revelando práticas espúrias do governo e das forças militares americanas, além de diversos governos ao redor do mundo.
No Jornal Brasil Atual, o sociólogo Emir Sader disse que a prisão de Assange já era esperada e no momento a expectativa é que ele seja extraditado para os Estados Unidos. “Ele está totalmente desprotegido, está nas mãos da polícia britânica, aliada há mais de um século dos Estados Unidos”, comentou Emir, ressaltando que o ativista prestou um grande serviço à humanidade ao revelar, entre outras informações, a espionagem feita pelo governo norte-americano que, entre outras irregularidades, crimes e contravenções, roubou dados da presidenta Dilma Rousseff e da Petrobras.
Por meio de seu perfil no Twitter, o presidente do Equador, Lenín Moreno, justificou a suspensão do asilo dizendo que “o Equador decidiu soberanamente o asilo diplomático a Julian Assange por violar reiteradamente convenções internacionais e protocolo de convivência”.
Já o ex-presidente Correa foi duro ao referir a Moreno, “nefasto presidente do Equador”, que “demonstrou sua miséria humana ao mundo, entregando a Julián Assange – não apenas asilado, mas também cidadão equatoriano – à polícia britânica”. E acrescentou: “Isso põe em risco a vida de Assange e humilha o Equador. Dia de luto mundial”.