SinPsi
O mês de setembro foi deliberado mundialmente para conscientizar a população para a prevenção do suicídio, o diálogo sobre a depressão e a preservação da vida.
O SINPSI-SP reconhece a questão do suicídio como um problema de Saúde Pública a ser discutido, tratado e prevenido o ano todo, não apenas em setembro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a única causa de mortalidade que não teve redução no número de casos nos últimos 50 anos. Os dados são alarmantes.
Segundo pesquisas, no Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida por dia, no mundo a cada 40 segundos acontece um suicídio, taxas superiores às mortes causadas por Câncer e AIDS.
É preciso ficar ainda mais atento a esse cenário, especialmente frente à emergência da Pandemia da Covid-19 e as ações de isolamento e distanciamento social que por si só já impactam diretamente sobre a saúde mental e emocional da população. Durante tamanha crise, as perspectivas de vida e de futuro ficam fragilizadas, as esperanças se esvaem e o viver parece perder o sentido. O sofrimento e fragilidade emocional deste período crítico fazem as situações se agravarem, considerando os efeitos do capitalismo, do desemprego, problemas financeiros, questões referentes à divulgação midiática e da perda de parentes e pessoas próximas amadas.
É de suma importância falar sobre o assunto com a população, amigos e parentes, e assim, quebrar as barreiras do silêncio e compartilhar informações.
O suicídio pode ser entendido como um ato deliberado, executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que dúbio, usando um meio que ele acredita ser letal.
Os comportamentos, pensamentos, planos e a tentativa de suicídio fazem parte do enredo da pessoa em sofrimento mental como a depressão.
A equipe multidisciplinar de saúde deve estar atenta e bem treinada a qualquer tentativa ou intenção, por mais ingênua que se mostre, como fato relevante ao suicídio.
A atenção primária da saúde no SUS – Sistema Único de Saúde, na qual @s psicólog@s se inserem em seu aspecto da territorialidade devem estar atentas e buscar superar tabus (a barreira que dificulta a prevenção) desconstruindo preconceitos com programas educativos para formação de profissionais de cuidados da saúde primária para a rápida identificação, avaliação e manejo de situações de baixo risco. Sendo os passos identificar; avaliar; manejar e encaminhar casos; que compete à atenção secundária e terciária, novamente com a presença da Psicologia nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nos Hospitais de Urgência e Emergência (geral e alas de psiquiatria nestes).
A prevenção do suicídio deve ser uma ação que considera o biológico, mas não apenas isto, as questões psicológicas, políticas, econômicas, sociais e culturais em toda sua complexidade.
Tomemos o cuidado com os jargões como, por exemplo: “isso é para chamar a atenção”, “você é fraco”, “falta de fé”. Eles não ajudam e reforçam os estigmas e o isolamento da pessoa em sofrimento. O problema é complexo não deixe a pessoa só em momentos de crise nem a julgue por seus atos.
Para intervir profissionalmente quando uma pessoa com comportamentos suicidas busca atendimento, algumas ações são fundamentais, como: jamais ignore comportamentos e pensamentos suicidas; ouça com empatia; tenha firmeza com afeto; fique calmo; trate o tema com seriedade, busque conhecer a rede de apoio familiar e amigos. E possibilidades de rede de encaminhamentos.
As mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo público sobre o assunto é forma de fazer isso, acompanhando sequencialmente de atenção psicossocial.