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Reportagem da “Folha” confirma pesquisa da Apeoesp sobre saúde dos professores paulistas

Em sua edição de domingo, 23, o jornal “Folha de S. Paulo” fez ampla matéria sobre a saúde dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo. Longe de abordar um problema “novo”, a reportagem confirma o que a APEOESP vem denunciando há anos, inclusive com base em pesquisa de 2003 sobre as condições de trabalho e as consequências à saúde dos professores.

Realizada durante o XIX Congresso Estadual da APEOESP, a pesquisa mostrou que 75% dos professores ministram aulas para classes com mais de 36 alunos, sendo 32% com mais de 41 alunos (73% apontaram a superlotação das salas de aula como um dos fatores que interferem no seu desempenho). Mostrou também que 45% dos professores precisam manter outra atividade fora da rede estadual de ensino para complementar o salário; 63% consideraram regulares ou péssimas as condições de suas salas de aula.

São fatores como esses que levam os professores a adoecer. Quase 40% responderam que já precisaram afastar-se do trabalho por motivos de saúde e as doenças relacionadas ao trabalho mais citadas foram, pela ordem: estresse, problemas na voz, tendinite e, também, bursite e depressão. A incidência dessas doenças foi confirmada por diagnósticos médicos. Entre as manifestações e sintomas que os professores disseram sentir no momento da pesquisa estão cansaço, nervosismo, problemas com a voz, dores nas pernas, ansiedade, dores de cabeça, dores na coluna, além de 11 outras manifestações.

Nossa pesquisa foi, à época, solenemente ignorada pelo governo estadual e também pela grande mídia. A matéria da “Folha”, baseada em pesquisa realizada pela professora readaptada Maria de Lourdes de Moraes Pezzuol, com financiamento da Secretaria Estadual da Educação, reafirma os mesmos dados: o magistério paulista sofre com a falta de condições de trabalho, a falta de uma política de prevenção e tratamento de saúde e com a desqualificação de seu trabalho, promovida justamente por quem deveria tomar as providências para equacionar os problemas apontados, ou seja, o próprio Estado.

Ainda de acordo com a reportagem, o governo anunciará um programa de prevenção e eventual tratamento para os professores, mas que ficará restrito aos docentes da capital. “Achamos importante que existam nas escolas equipes com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros, mas são necessárias soluções preventivas e estruturais, como o fim da superlotação das salas de aula; redução da jornada de trabalho sem redução salarial; ampliação do espaço e melhoria da acústica nas salas de aula e disponibilização de microfone aos professores; substituição das lousas a giz e outras”, comentou a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha.

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