Serviço doméstico não remunerado equivale a 26,6 horas de trabalho semanal para as mulheres, contra apenas 10,5 horas para os homens, aponta estudo do Ipea
Fazer comida, ajudar na lição das crianças, organizar a casa para recomeçar às 6h do dia seguinte… Depois da jornada de oito horas no trabalho, a ajudante geral Gislaine Paiva da Silva Lima fica mais 2h40 no transporte coletivo até Suzano, na Grande São Paulo.
Essa rotina retrata a vida de milhares de mulheres que não têm com quem dividir as responsabilidades da casa. Sem contar com apoio do marido, ela aposta na educação dos filhos para superar a cultura machista e a ideia de que cabe ao mundo feminino cuidar do lar e das crianças, enquanto os homens sustentam a família.
“Para os filhos pequenos é possível ensinar o contrário, mas isso tem que vir desde cedo porque serviço de casa não tem fim”, conta Gislaine, mãe de Edson Henrique, 8, e Pedro Vinícius, 14, que “do jeitinho dele” colabora com os serviços domésticos.
Além da jornada externa, o serviço doméstico não remunerado equivale a 26,6 horas de trabalho semanal para as mulheres, contra apenas 10,5 horas para os homens, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Transformação
Apesar de invisível e desvalorizado, o serviço doméstico e o cuidado das crianças é indispensável não só para a organização familiar, mas de toda a sociedade. Por isso, uma das reivindicações dos sindicatos filiados à CUT São Paulo é a ampliação da licença paternidade para seis meses, começando após a licença maternidade, para que o pai compartilhe os cuidados com o bebê no retorno da mãe ao mercado de trabalho.
Para uma mudança fora dos lares, a Central está na luta para que o governo brasileiro ratifique a Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho, adotando a norma que determina a igualdade de mulheres e homens com responsabilidades de família não sofram prejuízo na vida profissional.