Com o slogan “Psicologia 50 anos: muito a comemorar, muito mais a fazer”, a 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia começou ontem, no Anhembi, para um público estimado de 30 mil pessoas. O evento marca os 50 anos da regulamentação da Psicologia como profissão no Brasil.
A cerimônia de abertura refletiu a grandeza, a beleza e a diversidade do evento, que segue até amanhã (22), com mais de 4 mil trabalhos apresentados nas Praças e nas Ocas, onde estão reunidos em pôster e vídeo de diversas áreas da Psicologia. Se dividem em 14 processos de trabalho, escolhidos pelos respectivos autores.
Presença de honra na mesa de abertura, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, lembrou que, dos 50 anos de Psicologia, 25 foram sob regime ditatorial. Ao falar de educação, citou a importância da presença constante do profissional de Psicologia no ambiente escolar.
“No ensino médio, por exemplo, o grande desafio é criar uma escola mais acolhedora, mobilizadora, que repense seu currículo. Precisamos criar uma cultura de paz, tolerância, convivência com as diferenças, com políticas de prevenção à gravidez precoce. Com o trabalho de vocês, podemos, sim, colocar a escola pública brasileira em um novo e grande patamar”, afirmou o ministro, que assinou convênio com o CFP, pelo combate da violência e do preconceito na escola.
Dirigente do SinPsi e membro do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba, Lucio Costa falou se saúde mental.
“Quando discutimos saúde mental, discutimos sociedade. E que sociedade queremos? O que é dado para quem enfraquece em sua capacidade de interagir socialmente?”, questionou, lembrando que Sorocaba é município polo de manicômios no estado de São Paulo. “Não estamos falando de um município que presta serviço ruim, mas de dinheiro público que financia a morte”, acusou.
Para a presidente do Conselho Regional de psicologia de São Paulo (CRP SP), Bianca Angeluci, a profissão pode ser traduzida pela conjunção entre vida concreta e construção de subjetividade.
“Somos de uma área e, ao mesmo tempo, de todas as áreas. Estamos aqui para conversar, trocar ideias e articular. Que tenhamos força e façamos o suficiente para continuarmos nos indagando e, assim, avançando cada vez mais em nossas conquistas”, pontuou.
A presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (FenaPSI), Fernanda Magano, defendeu, na cerimônia de abertura do evento, a intervenção das políticas públicas pela construção do bem coletivo.
“Vivemos aqui um momento comemorativo, que marca a possibilidade de a Psicologia juntar mais forças para o muito que se tem por fazer. Temos o compromisso de mostrar que é possível fazer uma Psicologia livre, solidária e fraterna”, salientou Fernanda, citando em seguida a luta pela jornada de trabalho de 30 horas semanais, que mobiliza toda a categoria pela aprovação de seu Projeto de Lei na Câmara dos Deputados. “Vamos caminhar juntos na construção desse bem comum e contribuir para o desenvolvimento desse país”, finalizou.
Como todo grande evento tem a presença de personalidades, a 2ª Mostra também tem a sua. A professora de Psicologia Social, Ana Bock, muito assediada por estudantes nos corredores do Anhembi, tamanho o reconhecimento de sua dedicação à Psicologia, que fez um apanhado histórico da profissão, em sua fala:
“Antes, a Psicologia era pensada e referenciada por poucos profissionais, que se fechavam em seus gabinetes e no isolamento da academia. Sabemos que hoje não é essa a Psicologia que queremos. A ideia de um compromisso social se instalou e se tornou meta”, constatou.
Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia, aproveitou a ocasião para convidar a categoria para o Congresso Nacional de Psicologia, que acontecerá de 30 de maio a 2 de junho de 2012, em Brasília.
Com 142 caravanas e 4.449 trabalhos inscritos, sendo 240 estrangeiros, a Mostra conta com cerca de 100 pessoas vindas dos 16 países participantes – quatro países de Língua Portuguesa e 12 países da União Latino-Americana de Psicologia (Ulapsi).