Em destaque, Notícias

SinPsi: 52 anos de lutas ao lado da categoria

logomarca dos 52 anos do sindicato, com os números 5 e 2 estilizados em preto e cinza com fundo vermelho

19ago2025 Por Norian Segatto

Era uma segunda-feira fria naquele longínquo agosto de 1973, ano que via surgir um grupo musical inusitado, Secos & Molhados, tendo à frente o performático e andrógino Ney Matogrosso; ano em que Chico Buarque compõe Cálice, música liberada pela censura somente cinco anos depois; é também o ano em que o movimento popular, ainda muito vicnulado à Igreja Católica, começa timidamente a se organizar na luta contra a carestia. É o ano do 11 de setembro no Chile, que depõe o presidente Salvador Allende.

Foi naquela segunda-feira fria de 20 de agosto que Júlio Barata, então ministro do Trabalho – ministério que à época se denominava Ministério dos Negócios, Trabalho e Previdência Social – outorgou a carta sindical criando o Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo. O presidente ditador – o mais sombrio dos militares que sentaram na cadeira presidencial – era o general Emílio Garrastazu Médici, que foi para os braços do demo em 1985.

carta sindical de fundação do Sindicato
Carta de criação do Sindicato

Retomada democrática

De sua fundação até 1979, o sindicato era um ente distante da categoria, praticamente um apêndice da política governamental. Era óbvio que esse atrelamento acrítico à ditadura incomodava muitas psicólogas e psicólogos, em especial os mais jovens, que saíam das universidades carregando dilemas da orientação social da Psicologia e esbarravam em práticas profissionais e políticas que não condiziam com seus anseios. Preocupados com tal quadro, no fim dos anos 70, jovens psicólogos/as que se reuniam para discutir a profissão no Instituto Sedes Sapientiae se organizaram para disputar a eleição no sindicato.

1978: Ato contra a carestia se torna manifestação contra o governo (foto: W Santos CPDocJB)

Iniciava ali uma nova fase na vida do SinPsi-SP

O cenário político do país mudava naquele final de década; na região fabril do ABC paulista, metalúrgicos, liderados por um barbudo de voz rouca, impunham o maior enfrentamento pacífico à ditadura até então, reivindicando o fim do regime e a volta da democracia. O sindicalismo atrelado à estrutura do Estado, chamado de “pelego” (em referência à peça feita de pele e couro de carneiro que é colocada sobre a sela do cavalo para “amortecer” o impacto nas nádegas do cavaleiro), vivia seu ocaso, a partir das poderosas greves reivindicatórias que se alastraram para várias categorias. Fruto dessas mobilizações, em 1981 era criada a Confederação Nacional das Classes Trabalhadoras (Concat), e, em 1983, fundada a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O Sindicato das/dos Psicólogas estava presente na fundação da maior central de trabalhadores do país, uma mudança radical de orientação política em dez anos de existência.

1983: Mais de 5 mil trabalhadores de todo o país participam do congresso de fundação da CUT

 Em 1985 é fundada a Fenapsi – Federação Nacional dos Psicólogos; dez anos depois surge a CNTSS – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social e, em 2004, a Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social no Estado de São Paulo (FETSS), todas vinculadas à CUT e das quais o SinPsi participa e tem ou teve dirigentes em suas direções.

“Uma característica que eu considero bastante relevante é a articulação que o Sindicato sempre teve com outras entidades da área da saúde e da seguridade social, estávamos, enquanto entidade, na fundação da CUT em 1983; dentro da estrutura da Central atuamos organicamente na CNTSS, na Federação dos Psicólogos, a Fernanda [Magano], por exemplo, já foi vice-presidenta da CNTSS e presidenta da Fenapsi e hoje ocupa a presidência do Conselho Nacional de Saúde, temos no sindicato essa tradição de agregar com outras entidades porque nos reconhecemos como parte da classe trabalhadora”, afirma o presidente do SinPsi, Rogério Giannini, que já foi tesoureiro e presidente da FETSS.

Outros agostos virão

Campanha pela jornada de 30H

De sua fundação em 1973, e da virada de página no início dos anos 80 para cá, o SinPsi-SP foi se fortalecendo, passando por perrengues é bem verdade, mas cada vez mais se consolidando como uma entidade de luta e defesa da categoria, dos princípios de uma Psicologia inclusiva, de um país democrático e com justiça social. Ao completar 52 anos de fundação, e a poucos dias de se comemorar o dia da/do psicóloga/o (27 de agosto), o Sindicato renova seus compromissos de continuar a representar a categoria em todo o estado, com o olhar para o futuro, para as novas gerações, sem largar a mão de ninguém, no cuidar da melhoria das condições de trabalho, na saúde mental e física de cada um e apostando na mobilização, conscientização e luta coletiva para assegurar a manutenção da democracia e caminhar para a construção de um país com justiça social, renda e trabalho para todos, todas e todes.