25ago2025 Texto e fotos: Norian Segatto
De 18 a 21 de agosto, o Centro Internacional de Convenções, em Brasília, foi palco da 5ª. Conferência de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que ocorreu dez anos após a última edição.
Com o tema Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora como Direito Humano, 1559 delegadas e delegados debateram durante os quatro dias como avançar na concepção de saúde, que abranja a dimensão dos direitos humanos em todas as suas esferas. Ao todo, 2486 pessoas participaram da Conferência, representando o SinPsi participaram, além da presidenta do Conselho, Fernanda Magano, Rogério Giannini, atual presidente do Sindicato, Marcella Milano e Ângela Aparecida dos Santos.


Abertura

Na noite da segunda-feira, 18, aconteceu a solenidade de abertura contou, entre outros, com a participação de Fernanda Magano, presidenta do CNS e diretora do SinPsi, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, além de diversos representantes de usuários, gestores e conselheiros do CNS, Cristian Morales, representante no Brasil da OPAS (Organização Panamericana de Saúde).
Padilha iniciou sua fala homenageando Francisco Canindé, trabalhador que faleceu no final de semana anterior e Zé Gotinha, símbolo das campanhas de vacinação. Aliás, Zé Gotinha foi uma das grandes atrações da Conferência, juntando pequenas multidões por onde passava.
O ministro da Saúde fez uma fala contundente contra a política adotada por Donald Trump, tanto em relação a imigrantes, taxação e a volta do negacionismo na ciência, que, por conta de campanhas antivacina faz os EUA passar pelo maior surto de sarampo do século, segundo Padilha. Ele também citou a construção do SUS, o envolvimento da sociedade e os caminhos que levaram até a 5ª. CNTSS. Clique aqui para assistir à íntegra da solenidade de abertura.



Controle social
Ainda na segunda-feira, antes da cerimônia de abertura, as delegadas e delegados se reuniram em 21 grupos temáticos em atividades autogestionárias.
Promovida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), a atividade “Diálogo Internacional: Participação Social e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora”, se propôs a apresentar a vivência do controle e participação social a partir da resolução aprovada em maio de 2024 pela 77ª Assembleia Mundial da Saúde.
Fernanda Magano, abriu os trabalhos do GT afirmando que o SUS é um exemplo para o mundo; ela destacou a importância da troca de experiências entre os países e saudou as delegações internacionais presentes na Conferência. A resolução da OMS já conta com seis signatários: além do Brasil, a Tailândia, Eslovênia, França, Noruega e Tunísia. Na plateia que lotou a sala do GT estava o ex-presidente do Conselho Fernando Pigatto, um dos protagonistas da construção da resolução da OMS.
Para Cristian Morales, representante da OPAS “a participação social é esse componente que muitas vezes não está presente no sistema de saúde, mas que permite trazer a voz dos usuários nas tomadas de decisão e garantir a sustentabilidade e legitimidade social do sistema de saúde. O que o Brasil tem para mostrar para o mundo é único”, defende durante sua participação no GT.

Ato público
A seca quarta-feira pela manhã em Brasília acordou com um ato público realizado pelos delegados e delegadas, que se reuniram na esplanada dos ministérios e caminharam até a sede do Ministério da Saúde. Durante o trajeto, diversas pessoas utilizaram o microfone que estava no caminhão de som para reforçar a proposta de um Sistema de Saúde único, universal e gratuito, mais verbas para a saúde, fim do financiamento público para comunidades terapêuticas, valorização do trabalho dos servidores da saúde e políticas públicas abrangentes para toda a população. Não faltaram, também, gritos de sem anistia para golpista e contra o tarifaço imposto pelo governo Trump.

520 propostas
Os quatro dias da Conferência foram de muitas trocas de experiências, palestras, debates, trabalhos em grupo que resultaram na aprovação, pela plenária final, de 520 propostas, 134 diretrizes e 114 moções. Entre as propostas estão a criação de um boletim de saúde do trabalhador pelo Ministério da Saúde, um programa nacional de saúde mental no trabalho e o estabelecimento de uma jornada laboral de 30 horas semanais para todos os trabalhadores da saúde, antiga reivindicação das psicólogas e psicólogos.
Todas as propostas, diretrizes e moções serão sintetizadas em um relatório que servirá de base para nortear as políticas públicas na área de saúde.












