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Vítimas de trânsito: números exigem ação imediata

Dia mundial em memória às vítimas de acidentes de trânsito, é um momento de reflexão sobre as causas do aumento de mortes no Brasil

17nov2025 Por Norian Segatto

Segundo dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, 1,2 milhão de pessoas morrem anualmente vítimas de acidentes no trânsito.

O Atlas da Violência 2025, divulgado em maio pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostrou que a violência no trânsito, uma das maiores responsáveis por mortes no Brasil, está em ascensão.

Apesar das campanhas de segurança no trânsito, como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, instituída pela ONU, os números no Brasil estão em escala ascendente

Entre 2010 e 2019, as mortes no trânsito no país tiveram um aumento de 13,5%, registrando cerca de 392 mil casos — um crescimento de 2,3% na taxa de mortalidade por 100 mil habitantes. No início da segunda década da campanha (2020-2023), o cenário continua preocupante, com números de mortes no trânsito em constante elevação.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2024 foram registrados 73.114 acidentes, resultando em 84.526 feridos e 6.160 mortos, o que equivale a 16 mortes diariamente nas rodovias federais, o número é 10% maior do que o registrado em 2023. O número de acidentes e feridos teve alta de 8%, conforme aponta o Portal do Trânsito, Mobilidade & Sustentabilidade

Por que aumentaram os acidentes

Para um tema complexo como esse não existe uma resposta simples e única. Segundo especialistas no trânsito, vários fatores contribuem para o aumento dos acidentes fatais, entre eles:

– A reforma trabalhista de 2017, que ao precarizar as relações de trabalho, aumentou a superexploração, principalmente de entregadores de aplicativos, os chamados motoboys.  Segundo o Atlas da Violência, em 2023, acidentes envolvendo motos atingiu a marca de 6,3 mortes por 100 mil habitantes, alta de 12,5% em relação a 2022.

– Em abril de 2021 entrou em vigor uma série de mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), principalmente por meio da Lei nº 14.071/2020. Essa flexibilização, promovida pelo governo Bolsonaro, é apontada como uma das responsáveis pelo aumento dos acidentes e mortes, mesmo no período da pandemia, em que houve uma drástica redução da circulação de veículos no país.

Além das motos, pedestres e ciclistas estão entre as maiores vítimas de acidentes de trânsito. Segundo matéria publicada dia 16nov2025 no portal ONU News ,“acidentes rodoviários continuam sendo a principal causa de morte entre crianças e jovens entre os 5 e os 29 anos, com 1,2 milhão de vítimas fatais e 50 milhões de feridos todos os anos. O impacto atinge de forma desproporcional países de baixo e médio rendimentos e grupos vulneráveis como pedestres, ciclistas e motociclistas”.

Para a diretora do SinPsi e psicóloga do trânsito, Andrea Figueiredo, “é necessário um conjunto de ações para promover maior segurança no trânsito, como revisão da legislação, conscientização dos motoristas e pedestres, melhor manutenção de ruas e rodovias e valorização do trabalho dos profissionais do trânsito”.