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Dia Internacional da Mulher: mais de cinco mil tomam as ruas de São Paulo

Dia 8 de março é dia de batalha. Mas, uma diferente, pacífica, sem invasão de território ou etnocídio. Porém, fundamental para impedir que conquistas não se percam e para que a igualdade permaneça como reivindicação obrigatória para todos aqueles que desejam uma sociedade justa.

Desde a manhã, milhares de mulheres ocuparam as ruas de todo o país com gritos de ordem, batuques, cartazes, faixas e bandeiras. Na capital paulista, mais de 500 marcharam pelo centro velho da cidade e unificaram reivindicações como políticas públicas capazes de permitir o acesso das famílias à habitação decente e vagas em creches, essenciais para que as trabalhadoras participar dos espaços públicos.

Na Praça da Sé, um grande grupo de sindicalistas se reunia diante da Catedral da Sé, sempre observadas de perto pela polícia. O contingente de militares, porém, era maior ali ao lado, onde camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina ocupavam a entrada do Tribunal de Justiça Do Estado. Denunciavam o descaso do poder público no avanço da reforma agrária, a violência, a perseguição sofrida pelos trabalhadores rurais e a injustiça histórica imposta pelo poder Judiciário que, segundo as camponesas, só coloca na condição de réus os trabalhadores do campo e os operários

Estado culpado
As vaias ao governo de São Paulo, entendido como repressor, sinalizava o ato simbólico que iniciava no início da tarde: o júri popular, que colocou na condição de réus o Estado de São Paulo e o próprio poder Judiciário.
“Mulheres do povo, mulheres guerreiras, na luta por justiça nós somos companheiras”, assim entoavam elas ao dar o veredito que condenou a opressão personificada, fundamentalmente, pelo modelo de governo impopular presente no Estado de São Paulo e no uso ilegal de decisões judiciais para atender a interesses de uma minoria, como no caso recente do Pinheirinho.

Antes de unirem força às trabalhadoras da cidade, as camponesas lembravam ainda que a agilidade para criminalizar os movimentos sociais não se repete quando é preciso assentar quem precisa de terra.

Ocupação para mudar –Porém, o problema não se restringe ao campo, como bem lembrou a liderança da União dos Movimentos de Moradia, Elisabete Silveira, que ocupou com mais de 250 mulheres um prédio na região da rua Riachuelo na madrugada de 7 para 8 de março. Como se tratou de um ato simbólico, no início da tarde o local já estava pronto novamente para ficar abandonado. “Queremos mostrar que os prédios estão vazios, há lugar para colocar as famílias, mas não há interesse político. Estamos juntos nessa luta”, comentou ela, que vestia uma faixa na cabeça e uma saia lilás, símbolo do movimento feminista.

Dirigentes cutistas também marcaram presença. Além da secretária Sobre a Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, o presidente Artur Henrique, o secretário de Relações Internacionais, João Felício, e a secretária de Comunicação Rosane Bertotti, participaram da mobilização.

Rosane Silva citou que o objetivo de as mulheres ocuparem as ruas era cobrar mais democracia, liberdade e autonomia, também no campo sindical. Nesse momento, ela lembrou que a Central realizará um plebiscito entre o final deste mês e durante todo o mês de abril para ouvir os trabalhadores sobre o imposto sindical. “Vamos todos dizer não a essa forma de cobrança”, afirmou. A proposta da Central é substituir o imposto por uma contribuição negocial definida democraticamente em assembleia.

Atuação do poder público
Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Sônia Auxiliadora, ressaltou o papel essencial do Estado no combate à desigualdade. “As políticas públicas que promovam a equiparação de direitos é a nossa principal reivindicação. Para isso é preciso investir em creche, habitação”, lembrou.

O tema também esteve presente na intervenção da cantora e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP). “Reclamamos da violência e aí veio o presidente Lula e assinou a Lei Maria da Penha. Mas, onde estão as delegacias especializadas para atendimento à mulher em São Paulo?”, questionou.

Já diante na Praça da República, ponto final da marcha, Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres, relembrou porque elas estavam na rua e a importância daquela manifestação. “As mulheres sempre foram lembradas na história como amantes dos heróis. Há 200 anos, o movimento autônomo de mulheres começou a organizar essa luta. Não estamos separadas do resto da sociedade, mas o 8 de março é um dia em que lutamos para sermos protagonistas e dizermos não ao patriarcado e ás relações de poder entre homens e mulheres”, finalizou.

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