Os Direitos Humanos na Psicologia ganharam força nesta sexta-feira com o debate sobre tortura, desaparecidos políticos e crimes cometidos durante a ditadura militar.
A discussão, comandada pelo psicólogo Pedro Paulo Bicalho, coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos, teve a participação do ex-ministro Paulo Vanucchi, do diretor do Instituto Silvia Lane, psicólogo Marcus Vinícius, do presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, Rogério Giannini e da coordenadora da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Jereuda Lima.
O caminho percorrido pelos profissionais na promoção e defesa dos direitos humanos ao longo destes anos e, principalmente, após os anos de repressão foi o ponto comum destacado pelos participantes, que também apontaram a importância desse movimento para a história da Psicologia. “Havia um convenção social de que a psicologia era produto supérfluo, que a psicologia era coisa de madame. Isso foi efeito da ditadura sobre a construção da profissão de psicólogo no Brasil”, disse Marcus Vinícius.
Paulo Vanucchi agradeceu ao Conselho Federal de Psicologia pela parceria nos últimos anos. “Graças a vocês, nos livramos de continuar cometendo a injustiça de não avançar nas questões dos direitos humanos em nosso país. A Psicologia contribui com o engajamento e lucidez com que conduz a defesa das causas.”
Sobre a Comissão da Verdade, Vanucchi reafirmou que é graças a Psicologia que serão possíveis as mudanças. “O trabalho da Comissão da Verdade é a programação de novos campos de trabalho, desenhar novas mudanças necessárias é o que fará a Comissão em conexão com a Psicologia, que mantém uma rede de atuação em todas as áreas dos direitos humanos.”
Rogério Giannini destacou a percepção de que as mudanças sociais foram benéficas para a Psicologia. “Nos retroalimentamos das mudanças em prol dos direitos humanos, e isso pode ser percebido pelo avanço nas políticas públicas no Brasil”.
No estado do Pará, a Guerrilha do Araguaia e o Movimento da Cabanagem deixaram marcas na população e o acompanhamento dos profissionais tem mudado a realidade das vítimas. “Trabalhamos com vítimas que passaram por hospitais psiquiátricos e vem sendo acompanhadas nos CAPs e para que o tratamento seja perfeito os profissionais precisam saber a fundo a história, o passado da região”, ressaltou Jereuda Lima.
Durante a conferência Paulo Vanucchi recebeu o Prêmio Paulo Freire das mãos do presidente do CFP, Humberto Verona, por sua contribuição no desenvolvimento dos Direitos Humanos.