O erro na divulgação de dados da pesquisa Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres não muda as conclusões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), responsável por ela. Segundo Luana Pinheiro, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o erro assumido na tarde de hoje (4) não exclui o fato de que a sociedade brasileira precisa debater os vários resultados obtidos.
“A gente pode notar que as conclusões do relatório não são alteradas com essa correção. A gente continua tendo uma concordância alta na questão da culpabilização, uma responsabilização feminina pela violência sexual sofrida”, diz Luana.
Os fatos recentes, desencadeados depois da divulgação da pesquisa, no dia 27 de março, vão ao encontro desse pensamento. Várias mulheres se manifestaram em redes sociais, utilizando o lema “Não mereço ser estuprada”. Mais de 45 mil pessoas aderiram ao movimento no Facebook.
Com isso, a idealizadora do protesto, a jornalista Nana Queiroz, foi hostilizada também, nas mesmas redes sociais. A página do movimento na internet mostra várias opiniões de pessoas responsabilizando as mulheres que usam roupas curtas pela violência sexual que podem vir a sofrer.
“Toda repercussão que o dado gerou, mostrou uma questão latente na sociedade. A gente não está falando de uma coisa que não exista. Existe uma questão posta na sociedade brasileira. A gente viu uma reação que mostra que de fato temos um fenômeno acontecendo”, avaliou Luana. Para ela, mesmo sem o erro, existe uma série de outros dados que poderiam gerar repercussão semelhante.
Sobre o erro na divulgação dos dados, a técnica do Ipea explicou que, na avaliação da base de dados da pesquisa para produzir novas reflexões sobre os resultados, a equipe do órgão percebeu uma informação diferente da que constava no relatório. Luana explicou que se tratou de “uma troca de tabelas associadas às frases” durante a montagem do documento.
“O Ipea fez o que tinha que fazer. Identificou o erro e foi a público. Cabe à intituição, para garantir transparência e credibilidade, reconhecer o seu erro, escutar as repercussões da sociedade, aprender com isso e trabalhar para ser melhor do que foi, para que a gente consiga evoluir”, concluiu.