No encontro “Unidos para Mudar”, gerações se engajam na mudança do sistema político e discutem pautas comuns
Distantes na idade, mas juntos na luta por direitos, na alegria, nos anseios por transformação social e qualidade de vida. Com o tema Unir para Mudar, a CUT São Paulo realizou no sábado (16) o Encontro de Jovens e Idosos do Estado de São Paulo, na quadra dos Bancários, centro paulistano.
Discutir as pautas transversais foi o principal objetivo do evento, que resulta das discussões de dois encontros anteriores, realizados em parceria com os sindicatos dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e dos Metalúrgicos do ABC, explica Adriana Magalhães, secretária de Imprensa da CUT/SP e organizadora da atividade.
Entre outros temas, foram discutidos o atendimento à saúde dos idosos, o extermínio da juventude com o crescimento da violência que atinge principalmente os negros, acesso à formação, educação, cultura e lazer para as duas faixas etárias, além do engajamento dos jovens e idosos no Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. “Com a reforma política teremos um Congresso mais representativo tanto na pauta dos idosos, quanto da juventude, de toda a classe trabalhadora”, afirma a dirigente.
O evento preparou a militância para plebiscito que se realizará de 1º a 7 de setembro, quando uma única pergunta será feita à população: Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político? A campanha engaja 400 entidades e 1500 comitês locais foram criados nacionalmente. Saiba mais: www.plebiscitoconstituinte.org.br
“Esse encontro promove a cidadania e escreve na história da Central um capítulo que não existia. A juventude está na busca da experiência do idoso e pode traduzir isso num meio de fazer política”, disse o presidente da CUT/SP, Adi dos Santos Lima, destacando a importância do evento que reuniu quase 400 participantes e mais de 40 entidades, movimentos e coletivos de São Paulo e outras cidades como Araçatuba, Assis, Birigui, Jundiaí, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Sorocaba.
No encerramento, os participantes entregaram o documento Propostas de Jovens e Idosos para o Estado de São Paulo ao ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato ao governo estadual paulista. A plataforma reúne reivindicações comuns das duas faixas etárias para a gestão estadual em áreas como previdência social e trabalho, educação, lazer e cultura, mobilidade urbana e participação social.
Gerações por novo sistema político
Numa análise das manifestações de junho de 2013, João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT/SP, e Lucas Pelissari, da Secretaria Nacional do Plebiscito Constituinte, explicaram o contexto e o processo de surgimento da campanha, e destacaram a reforma política como a “mãe” de outras reformas essenciais como a agrária e a dos meios de comunicação.
Também detalharam o plebiscito como instrumento popular que pressione por mudanças nas regras do jogo político atual, repleto de heranças da ditadura e que nem de longe representa os brasileiros/as. “Num Congresso com 70% de patrões e só 91 sindicalistas, será difícil conquistar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, parada no Congresso desde 1995”, recordou o cutista.
E sem o fim do financiamento privado de campanha eleitoral, que financia empresários e ruralistas, será impossível aumentar a representação da sociedade nos espaços de poder. “Quando um sindicalista, uma mulher, um líder comunitário se coloca para disputar uma eleição, sai atrás na disputa porque não tem todo o volume de dinheiro necessário para fazer campanha”, ressaltou Pelissari.
Raissa Galvão, do Coletivo Fora do Eixo, enfatizou o uso das mídias digitais por todas as idades como estratégia fundamental na campanha de votação. “Temos que ‘viralizar’, fazendo da comunicação um meio de ‘contaminar’ para o Plebiscito”, numa referência à informação que se propaga rapidamente nas redes, como num efeito viral.
Assista aqui à reportagem da TVT sobre o encontro.
Brasil mais velho
Pauta comum para as gerações, a discussão sobre os impactos do envelhecimento populacional leva à conclusão de que muitas áreas precisam se adaptar com urgência ao aumento da expectativa de vida dos brasileiros/as. Entre elas, a previdência social e trabalho; atendimento à saúde, acesso ao lazer; esporte e cultura; mobilidade urbana e segurança pública; participação social e cidadania.
Serão 64 milhões de idosos no país em 2050, quase 30% da população segundo o relatório Envelhecendo em um Brasil mais Velho, elaborado pelo Banco Mundial.
Nesse cenário, é preciso mudar a visão sobre o tempo de vida, ou os idosos serão discriminados e desprezados por estarem vivendo mais, alertou Maria da Gloria Abdo, presidenta da Associação dos Bancários Aposentados do Estado de São Paulo (Abaesp).
“Temos que revolucionar o modo como os idosos são tratados hoje ou nossas sociedades não sobreviverão num futuro próximo. Não há idades ou pessoas deficientes, mas sistemas políticos e econômicos ineficientes para lidar com a diversidade humana”. Como o fato é inédito, disse Gloria, não há como recorrer à história para buscar respostas e lidar com o aumento da expectativa de vida.
“Muitas famílias têm um idoso, doente e sem plano de saúde porque o preço é muito alto para essa faixa etária, e faltam espaços de acolhimento”. Para Adriana, esse envelhecimento exige mudanças na cultura e nas políticas públicas, com a necessidade de casas e de cuidadores de idosos, entre outras medidas.
Sem disponibilidade familiar para esses idosos, a projeção é que o número de pessoas sendo cuidadas por não-familiares duplicará até 2020, e será cinco vezes maior em 2040 na comparação com 2008.