O clima de polarização política que o país tem vivenciado desde as manifestações de junho de 2013 levou pesquisadores da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) a iniciarem um estudo de perfil sociopolítico, em particular do paulistano, explica o professor William Nozaki, coordenador da pesquisa Conservadorismo e progressimos na cidade São Paulo. “São Paulo aparece como epicentro de uma polarização política muito intensa e a questão que nós da FESPSP levantamos era se vivemos um novo conservadorismo ou é o velho que se explicita”, afirma.
Para entender esse fenômeno, a equipe do Núcleo de Pesquisas em Ciências Sociais da FESPSP elaborou um questionário de 60 perguntas divididas em quatro grandes eixos: visão de mundo e estilo de vida, relação com as diferenças e com o outro, construção de direitos e privilégios e avaliação de políticas públicas. Assim foram ouvidos 1.287 moradores da cidade de São Paulo, entre os dias 10 e 22 de junho de 2015
A pesquisa realizada aponta que os paulistanos têm posicionamento conservador diante de questões sociais e são “liberais” nas questões individuais. Esse segundo aspecto é melhor observado na população de menor renda. A pesquisa tem intervalo de confiança de 95% e 3 pontos percentuais de margem de erro para mais e menos.
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O levantamento mostra que 61,4% são a favor do uso do exército no combate à criminalidade, 70% prefere a democracia à Ditadura, e 42% afirmam que os grupos de Direitos Humanos defendem bandidos. No entanto, 23,1% se diz de esquerda e/ou extrema esquerda, 20,1% de centro e 14,2% de direita e/ou extrema direita, e 0,2% se disseram anarquistas. Nesta pergunta sobre posicionamento ideológico é importante observar que 41,4% são de respostas: “nenhuma”, “não sabe” e “não respondeu”.
Em outro aspecto, a pesquisa mostra que enquanto 52% são favoráveis à legalização da maconha, 62,3% apóiam a redução da maioridade penal. Ainda em comportamento, 70% dos entrevistados concordam com relações homoafetivas, aceitando outros formatos de família (54%) que não a tradicional. E 80% se mostram tolerante às diferentes expressões religiosas. Quanto ao trabalho, 92% pensam que há desigualdade de gênero, pois os salários pagos a homens são maiores que os pagos as mulheres.
O objetivo da pesquisa não é exclusivamente acadêmico, o estudo tem um viés aplicável, explica o professor Rodrigo Estramanho de Almeida, um dos responsáveis pela elaboração da pesquisa. “Entender a cultura política dos paulistanos pode contribuir para que os dirigentes e gestores reflitam nas decisões sobre políticas públicas que afetem a cidade e seus moradores”.