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Somos todas Psicólogas?

Reconhecendo que toda escrita é uma fonte de representação e de poder, é necessário compreender que as palavras utilizadas cotidianamente transportam idéias e auxiliam na construção de modos de ser e de pensar.

Sabemos que a escrita é arbitrária e convencionou-se, em nossa gramática, utilizar o masculino das palavras para se referir tanto a homens como a mulheres, o que sempre trouxe como consequência a invisibilidade do feminino.

Por esse motivo, em 2010, o VII Congresso Nacional de Psicologia, instância máxima de decisões do Sistema Conselhos de Psicologia, decidiu pelo o uso da escrita gendrada no Sistema, utilizando os artigos “o, a, os, as”, em toda documentação ou texto escrito, como forma de contemplar os dois gêneros gramaticais, o que já vem sendo adotado pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.

A não adoção de uma escrita gendrada é um contra-senso ao constatarmos que nossa profissão é eminentemente feminina, pois é formada por 89% de mulheres.

Tornar visível a presença das Psicólogas, inclusive na forma que escrevemos, é um movimento que permite questionamentos sobre o caráter de subjugação de um dos gêneros, promove inquietações nas cristalizações subjetivas sexistas e que coloca em evidência o feminino como presente na construção linguística e na produção subjetiva.

Ações políticas de crítica ao sistema hierárquico de gênero, no qual aquilo remetido ao feminino é invisibilizado e desqualificado, são ações que todas e todos podem realizar, visto que homens também são prejudicados pelas normativas machistas de nossa sociedade.

A busca da desinvisibilização do feminino pela escrita gendrada é um ato político, cuja ideia precisa ser defendida pela Psicologia em seu compromisso com os Direitos Humanos.

Assim, sim, somos todas psicólogas.

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