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Mudanças nas bases do SAMU aumentam riscos de óbitos

Maioria das unidades modulares do SAMU funciona em contêineres alugados, transferência para dentro de unidades de saúde desorganizam e distanciam trajetos, por uma economia de R$ 5 milhões anual.

Sob a alegação de redução de gastos, a gestão Bruno Covas continua a colocar em prática o seu plano de fechamento e transferência de local de 31 bases do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na cidade de São Paulo. A administração municipal argumenta também que está ampliando de 58 para 78 as unidades do serviço. Elas estão sendo realocadas para diversos equipamentos de saúde, conforme determina portaria do prefeito Covas publicada no Diário Oficial no final do mês de fevereiro.

A transferência para unidades de saúde, porém, é alvo de críticas, principalmente das equipes do SAMU. Isso porque os novos locais não oferecem condições adequadas e estrutura para os profissionais prestarem esses serviços. Com isso, aumentam os riscos de óbitos de toda a população que é atendida em situações de emergência.

Estrutura inadequada
Funcionários do SAMU denunciaram durante reunião, na última quarta-feira (27), da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo, os riscos que essas realocações devem causar para a população.

“As bases atuais estão em pontos estratégicos da cidade, algumas delas com mais de uma ambulância, acomodações dignas, banheiros com chuveiro e vestiários. Contam com segurança, serviço de limpeza, copa para refeições e estacionamento amplo para a ambulância que precisa de espaço adequado para poder deslocar-se com brevidade ao atendimento. Com essa reestruturação, as equipes estão sendo jogadas nos locais mais inusitados”, contou um dos trabalhadores.

Apesar de terem confirmado presença, representantes da gestão não participaram da reunião que teve a participação de mais de 300 pessoas. Vereadores da base governista também se ausentaram numa tentativa de inviabilizar o encontro.
Durante o encontro, os trabalhadores detalharam a importância da estrutura adequada para o desempenho do trabalho. “Em nosso trabalho é fundamental termos chuveiros, já que muitas vezes nos sujamos com sangue, secreções e ficamos até cobertos de cacos de vidro após socorrermos vítimas de acidentes de carro. Precisamos estar limpos e com materiais sempre esterilizados para atender novas chamadas. Não somos contra a redução de gastos, mas porque não planejaram obras de adequação para acomodar as equipes?”, questiona outro trabalhador.

Além de não possuírem dependências para esterilizações dos materiais utilizados no socorro às vítimas, os novos pontos não dispõem de salas para descanso das equipes que cumprem jornadas de 12 horas. Com isso, aumenta o risco de erros durante o atendimento por problemas de cansaço.

Menos ambulâncias para atender
Outra denúncia é que embora a gestão afirme que haverá duas ambulâncias para cada ponto de assistência, a verdade é que a cidade passará a contar com 80 por turno das atuais 122 ambulâncias. Isso porque uma estará em operação durante o dia e a outra disponível exclusivamente à noite. Com menos ambulância, por certo o atendimento vai demorar e por consequência aumentarão o número de mortes que poderiam ser evitadas.

A realocação também acarretará em vazios assistenciais, pois o critério não prioriza o atendimento mais rápido em todo o território da cidade.

Hoje, a maioria das unidades modulares do SAMU funciona em contêineres alugados, mas a prefeitura pretende encerrar o contrato no valor de R$ 5 milhões anual, obedecendo ao recente Decreto 58.636 que estabelece cortes orçamentários nas áreas sociais. Diante da insistência da gestão Covas com esse plano, surgem indagações.

Poupar vidas ou 0,05% do orçamento?
Do ponto de vista financeiro a justificativa é descabida. O que representa a redução de R$ 5 milhões anual no orçamento da Secretaria Municipal de Saúde, cujo valor total para este ano é de quase R$ 10 bilhões? São apenas 0,05%.

A desculpa de dificuldades financeiras também não condiz com a realidade. No ano passado, a arrecadação tributária da prefeitura aumentou 12,6% em relação a 2017, conforme dados da própria Secretaria Municipal da Fazenda.

Será que é realmente necessário economizar esse recurso em um serviço tão essencial e que tem impacto direto na vida de toda a população? Esse é o propalado choque de gestão?

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