Data escolhida simboliza os 30 anos da primeira greve geral em pleno regime militar
Com uma coletiva de imprensa nesta terça (16) no Gabinete da Presidência da República em São Paulo, representantes das centrais sindicais que integram o Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical” da Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentaram os informes sobre o ato sindical unitário marcado para a próxima segunda-feira (22), às 9h, no Sindicato Nacional dos Aposentados (R. do Carmo, 171, Sé – São Paulo).
Na ocasião, o Grupo dos Trabalhadores será oficialmente apresentado ao público. Instalado no dia 13 de abril, o colegiado tem a tarefa de subsidiar as investigações da CNV através do resgate da história e memória de trabalhadores que foram perseguidos, torturados e assassinados, Cartaz de apresentação do ato sindical unitário como também as diversas intervenções que ocorreram nas organizações do campo e da cidade no período da ditadura militar (1964-1985). Os trabalhos estão divididos a partir de 11 eixos (veja mais informações aqui).
A data para a apresentação do Grupo dos Trabalhadores foi escolhida por sua simbologia. No dia 21 de julho completa-se 30 anos da greve geral de 1983, a primeira durante o regime militar, que contou com adesão direta de mais de dois milhões de trabalhadores/as do setor público e privado, do campo e da cidade.
O ato terá a presença do ex-presidente da CUT, Jair Meneguelli e do ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Arnaldo Gonçalves, que participaram da greve de 83, além da coordenadora da Comissão Nacional da Verdade e do Grupo dos Trabalhadores, Rosa Cardoso e do membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. Serão exibidos também vídeos de curta-metragem sobre a história de representações dos trabalhadores e categorias que participaram ativamente da resistência ao golpe militar.
“É um momento importante da sociedade brasileira reforçar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, em apoio ao Grupo dos Trabalhadores e sua coordenadora, Rosa Cardoso, para que possamos neste um ano de trabalho que a CNV ainda tem pela frente, ampliar a democracia e aprofundar o resgate da verdade histórica”, salientou Expedito Solaney, secretário nacional de Políticas Sociais da CUT.
O evento unitário das centrais, acredita Solaney, “vai colaborar para sensibilizar nossa base, cada entidade, cada dirigente sindical, a buscar informações sobre o período da repressão, ajudando na reconstituição da história para que possamos ao final apresentar um completo e consistente relatório que colabore na reparação política e material a todos os dirigentes sindicais, trabalhadores e familiares de trabalhadores vítimas do golpe”.
Documentos comprovam participação do Estado – a partir da intervenção do Grupo dos Trabalhadores junto ao Ministério do Trabalho e Arquivo Nacional foi entregue ao próprio grupo um conjunto documental que comprova a participação de órgãos do Estado em apoio à repressão militar.
São casos como a intervenção no Sindicato dos Jornalistas do Maranhão ou a cassação do registro profissional de um estivador no Rio de Janeiro que farão parte das investigações do coletivo de trabalhadores.