Com trio elétrico, Central reforça engajamento na luta pelos direitos dos trabalhadores (as) LBGT junto à multidão de 1,5 milhão de pessoas
Nem a temperatura abaixo dos 19°, nem a garoa fina típica do outono paulistano afastaram o colorido e a alegria da multidão de 1,5 milhão de pessoas que participaram da 17ª Parada do Orgulho LGBT neste domingo (2), na capital de SP. Ao contrário, os guarda-chuvas e sombrinhas com as cores do arco-íris tomaram conta das ruas, assim como a música, muita dança e a mensagem transmitida como mote principal do evento em 2013 – Para o armário, nunca mais! – União e conscientização na luta contra a homofobia.
Pelo nono ano consecutivo, a CUT-SP e seus sindicatos colocaram o trio elétrico na Avenida Paulista e na Rua da Consolação e, para além de marcar presença na festa, a Central reforçou seu engajamento e luta efetivos pelos direitos dos trabalhadores (as) LGBT e contra todas as formas de violência homofóbica. A CUT-SP participou, ainda, da 13ª Feira Cultural LGBT, realizada na última quinta (30/05), onde distribuiu materiais informativos em estande montado no Vale do Anhangabaú.
Com fantasias multicoloridas, acessórios variados ou com trajes comuns, todos deram um exemplo de união – famílias inteiras, pais e mães com seus filhos, casais de diferentes orientações sexuais, drag queens, travestis e transgêneros mostraram que o respeito e a tolerância podem e devem caminhar lado a lado para vencer a ignorância e o preconceito.
Diversidade e sindicalismo
Segundo João Batista Gomes, secretário estadual de Políticas Sociais da CUT-SP, o Coletivo LGBT vem se firmando como uma política dentro da Central e busca, assim, levar as questões dessa população para dentro do movimento sindical cutista. “O desafio é levar à criação de coletivos em outros sindicatos. Estamos partindo para o 3º Encontro dos Trabalhadores (as) LGBT para que possamos atrair mais sindicatos e levar essa demanda para os que ainda não estão engajados”, afirma.
Como conquistas práticas, o dirigente explica que a grande contribuição do Coletivo é dar orientação aos sindicatos para buscar, nos acordos coletivos, as cláusulas contra a discriminação da população LGBT. “Isso tem avançado e temos visto que mais sindicatos têm colocado essa questão nas suas pautas de reivindicação. Era uma dinâmica que não existia e hoje está no cotidiano dos sindicatos”, pontua.
Carlos Obici, dirigente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) e membro do Coletivo LGBT, ressalta a atuação da CUT também nos conselhos, coordenadorias e outros espaços que tratam o tema. “Nosso trabalho dentro dos Coletivos é levar esse debate para a base, onde estão os trabalhadores, para que possam eliminar o preconceito com a comunidade LGBT. Isso acontece a passos lentos, mas com êxito”.
Obici integra o Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, onde a intenção é colaborar com a criação de políticas públicas estaduais e nacionais para combater a homofobia, a transfobia e a lesbofobia.
“É preciso elogiar a CUT porque, em março, a Central fez um encontro nacional com os secretários de Políticas Sociais de todo o país no sentido de cumprir o que foi definido no 11º CONCUT, que é a criação de Coletivos LGBT em todas as CUTs estaduais”, ressaltou José Carlos Bueno do Prado, o Zezinho, presidente do Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação do Estado de São Paulo (Afuse) e também secretário de Direitos Humanos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Para ele, a criação de novos Coletivos LGBT é o principal resultado do encontro. “É de suma importância que o movimento sindical se envolva nessa discussão”, completa.
Punição mais rigosa
Gil Santos, da Central de Movimentos Populares (CMP), integra o Coletivo LGBT da CUT/SP há quatro anos e é membro do CNCD/LGBT e da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo (Cads). Ela aponta a dificuldade de se aprovar o Projeto de Lei 122/2006, que pune os crimes de ódio e intolerância praticados por motivo de discriminação ou preconceito de identidade de gênero, orientação sexual, idade e deficiência.
O PL, de autoria da deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), prevê punição mais rigorosa – de dois a sete anos de prisão – para esse tipo de crimes e proíbe a substituição da pena por pagamento de multa. “O conselho nacional LGBT teve uma reunião com o senador Paulo Paim (PT-RS), que garantiu que o PL será aprovado ainda este ano”, afirma Gil.
A tramitação do PL se arrasta há quase seis anos e está parada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado.