Neste sábado (9/6), aconteceu o Fórum Social de Sorocaba, no Parque dos Espanhóis. O evento reuniu inúmeras atividades de variados formatos e propostas, articuladas por organizações não-governamentais, instituições, movimentos sociais, coletivos e grupos de cidadãos e cidadãs que se dedicam a práticas sociais, culturais, educativas e ambientais.
Com o objetivo de sensibilizar o público para a questão da saúde mental na região de Sorocaba, a subsede do Conselho Regional de Psicologia (CRP) promoveu o cine-debate, com o longa metragem italiano Si Può Fare (Dá para Fazer), de Giulio Manfredonia, como dispositivo para discussão sobre loucura e relações de trabalho. O filme tematiza a Cooperativa de Trabalho 180, que inova no tratamento em saúde mental dos pacientes, a partir da inserção destes no trabalho das cooperativas, por meio de um sindicalista, o personagem Nello. A história mostra um contraponto à excessiva medicalização de pacientes usuários de saúde mental, que predominava na Itália em nas décadas de 1970 e 1980, ápice das conquistas do movimento antimanicomial naquele país. A Lei que estabeleceu o fim dos manicômios na Itália data de 1978.
O filme resgata iniciativas reais que tiveram sucesso na Itália, inspiradas principalmente nas produções de Franco Bassaglia, que influenciaram e motivaram a Reforma Psiquiátrica no Brasil. O psicólogo sorocabano Vinícius Saldanha considerou a importância da atividade. O enredo mostra a importante relação entre saúde mental e trabalho, por meio de cooperativas que resgatam a autonomia dos usuários e garantem o tratamento com liberdade, valorizando suas potencialidades, tratando-os como seres humanos de direitos, dando-lhes condições para que se posicionem ativamente ao longo do processo.
“Pudemos ver que outro modelo de sáude mental é possível, indo contra o modelo manicomial que ainda predomina em Sorocaba e em outros locais do Brasil, apesar da Lei da Reforma Psiquiátrica, aprovada em 2001, que determina que tal modelo seja substituído, e da luta do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS) pelo fechamento dos manicômios da região e implementação da rede substitutiva. O filme é um aprendizado que se dá através de problemáticas reais, extramuros, portanto produzindo saúde”, analisou.
Segundo Saldanha, a organização proposta pelo personagem sindicalista transpassa a questão da saúde mental, referindo-se às possibilidades de organização de toda a classe trabalhadora.
“Foi possível, no debate pós-filme, articular a temática às atividades realizadas pelo SinPsi, como sindicato CUTista, em torno da questão, como é o caso da inclusão do dia 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial, no calendário oficial da CUT Estadual, o que aproxima ainda mais o tema à discussão das pautas trabalhistas”, disse o psicólogo.