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Gestão Doria quer fechar UBS em área de risco para febre amarela

Próxima ao Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo, unidade deverá ceder seus espaço para outro tipo de atendimento. Será a terceira unidade fechada pelo prefeito tucano

Em meio ao surto de febre amarela, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende fechar a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Tietê II, localizada em São Mateus, na zona leste de São Paulo, uma área de risco para a doença, e transferir o atendimento para outra unidade, integrada ao Hospital Dia da Rede Hora Certa. A informação vazada a representantes de usuários em conselhos gestores da supervisão de saúde e das UBSs, não confirmada pela Secretaria Municipal da Saúde, causou desconfiança e os levou a abrir abaixo-assinado contra a mudança. O temor é que a fusão de duas unidades de saúde levem à sobrecarga e à piora do atendimento, hoje marcado pela demora, falta de médicos e com a febre amarela a rondar a população.

Diante da pressão de moradores, que ameaçam levar o caso à Promotoria de Saúde da Capital do Ministério Público do Estado de São Paulo, a supervisora técnica de Saúde de São Mateus, Fabiana Silva Zavatto, convocou reunião, realizada na tarde desta quinta-feira (15).

De acordo com presentes ao encontro, a prefeitura nega o fechamento. E afirma que a unidade dará lugar a um centro de referência para atendimento a pessoas com deficiência – espaço que será gerido pela Fundação do ABC, organização social da saúde (OS), atualmente responsável pela gestão do Hospital Dia da Rede Hora Certa.

“Para nós, isso é a mesma coisa que fechar a UBS administrada diretamente pela prefeitura. E em vez de melhorar o serviço e contratar mais médicos, vão abrir ali um serviço terceirizado. Não somos contra um centro de referência à saúde da pessoa com deficiência, mas defendemos que seja construído um outro espaço para abrigá-lo, sem retirar o que precisa ser melhorado, e não fechado”, disse um representante dos usuários, que pediu para não ser identificado.

Segundo a liderança comunitária, a supervisora de saúde não só negou o fechamento como afirmou que o serviço vai ser ampliado com a incorporação de novas especialidades e a oferta do Programa de Saúde da Família. “Como vão oferecer mais se a gente sabe que estão fechando outros serviços?”, questionou, com desconfiança.

A preocupação é grande na região. Segundo moradores, a UBS Jardim Tietê II, que tem capacidade para atendimento de qualidade e é uma conquista do movimento popular de saúde, enfrenta hoje a falta de médicos.

Conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), a unidade tem 43 profissionais cadastrados, entre eles, pediatras, clínico geral, ginecologista, ortopedista, dentista, enfermeiros, assistente social, auxiliares de enfermagem e administrativos.

Outra preocupação é o fato de o bairro estar ao lado do Parque do Carmo, região considerada de risco para a transmissão da febre amarela. Tanto que consta do mapa de vacinação contra a doença (confira abaixo).

Na manhã da próxima terça (20), haverá nova reunião dos moradores com dirigentes da SMS no Hospital Dia da Rede Hora Certa, que terá participação de representantes da OS Fundação ABC.

Integrante da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher da Câmara, a vereadora Juliana Cardoso (PT) protocolou requerimento para inserir o tema na pauta da próxima reunião da Comissão, na quarta-feira (21). A vereadora solicita ainda que sejam convidados representantes da Secretaria Municipal da Saúde, da Coordenadoria de Saúde Leste, da Supervisão São Mateus, do Conselho Municipal de Saúde e dos conselhos gestores da supervisão e da UBS Jardim Tietê II.

Em audiência pública realizada em agosto passado, o secretário Wilson Pollara – que deixou muitas questões sem resposta – se comprometeu a não fechar postos de saúde antes que tenha outra unidade para ser aberta. No entanto, já fechou a UBS da República no final de 2017 e, em janeiro, a UBS do Parque Imperial, na Zona Sul. Nenhum novo serviço foi inaugurado.

Procurada pela RBA, a Secretaria Municipal da Saúde não se manifestou até o fechamento da reportagem.

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