Por Norian Segatto
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, em 2002, em palanque instalado na avenida Paulista, Luís Inácio Lula da Silva afirmou que o maior desafio de seu governo seria erradicar a fome e “colocar um prato de almoço e de jantar na mesa de casa brasileiro”. Sob a coordenação do sociólogo Betinho, Lula instituiu o programa Fome Zero, premiadíssimo em todo o mundo como uma das mais importantes iniciativas sociais da humanidade.
Ao deixar o governo, oito anos depois, o Brasil havia saído do mapa mundial da fome e tirado mais de 40 milhões de pessoas da linha de pobreza extrema.
A partir de 2017 esse importante marco civilizatório começou a se desmoronar, com o desmantelamento progressivo dos programas sociais de proteção. A partir do nefasto advento do governo Bolsonaro, que alçou ao comando da economia do país o ultra neoliberal Paulo Guedes, a situação se deteriorou ainda mais.
Com uma política voltada para beneficiar o setor financista e entregar para a iniciativa privada todo o filé mignon do Estado brasileiro, o governo, sob a batuta de Bolsonaro e Guedes contingenciou recursos para programas sociais, extinguiu programas essenciais de assistência, tenta entregar Saúde, Educação e outros setores prioritários para a iniciativa privada (a irmã de Paulo Guedes é presidente da associação de universidades particulares e deve estar feli$ com o irmãozinho).
Nesta semana, o sinistro da Economia deu mais declaração que mostra o desprezo do “casa grande” pela população pobre do Brasil. Guedes declarou que o que os restos que sobram no prato da classe média pode ser destinado a pobres e pessoas em situação de vulnerabilidade (que, aliás, cresceu exponencialmente em três anos desse governo).
Esse é, em síntese, o pensamento neoliberal de Guedes: pobres e desassistidos são lixo, pode isso podem comer restos de comida, como se fossem bichos. Quem assistiu o filme espanhol “O poço” (em exibição pela Netflix) sabe o que isso significa.
Em nota a Ação Cidadania criticou a declaração do ministro, enfatizando que o atual governo reduziu o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de pequenos produtores, diminuiu a distribuição de cestas básicas para grupos populacionais tradicionais e cortou verbas para o programa de cisternas na zona rural e aquisição de alimentos para estudantes entre outras medidas.
É contra tudo isso e muito mais, que parte da sociedade vai às ruas neste sábado, 19, no movimento FORA BOLSONARO.