Além da abordagem, mais do que necessária, técnica e científica, o tema medicalização da educação e da sociedade também teve seus momentos de emoção no III Seminário Internacional “A Educação Medicalizada: reconhecer e acolher as diferenças”. A mesa que falou sobre redes virtuais e blogosfera, dia 12 de julho, coordenada pelo presidente do SinPsi e coordenador do evento, Rogério Giannini, teve a participação de pessoas que se emocionaram ao falar sobre vida e sobre mudança de formas de ver a vida.
Foi o caso da dona do blog Cientista que Virou Mãe, Ligia sena. Doutora em Neurofarmacologia, Lígia contou, com os olhos marejados e muitas vezes interrompendo a fala para segurar o choro, sobre como trocou de lado, retirando-se do grupo que fomenta a indústria farmacêutica e passando a atuar no debate sobre os malefícios da medicalização de crianças e adultos. Após ter defendido tese de doutorado em que propunha novo medicamento para depressão, com resultados positivos para a indústria farmacêutica, ela teve uma espécie de insight.
“Eu arrumei uma confusão com o meu orientador, porque percebi a grande besteira que eu tinha feito ao criar a fórmula de um medicamento para depressão que realmente faria grandes efeitos – era o tema da minha tese de doutorado. Quando a indústria farmacêutica quis patentear, eu comecei a me questionar e neguei. Eu não queria ser responsável por aquilo”, relatou a cientista.
Em seu blog, Ligia diz que a inspiração para a mudança de lado radical aconteceu após o nascimento da filha, em 2010, quando a maternidade mudou sua forma de ver o mundo.
“Fui movida por uma grande contrariedade e insatisfação com relação a aspectos que considero bastante nocivos a nós, seres humanos: a medicalização da vida e dos afetos, a patologização do normal, a institucionalização do corpo feminino e a biopolítica” diz o texto de apresentação do Cientista que Virou Mãe.
Ao fim de sua explanação, a palestrante exibiu vídeo com fotos de passeatas de rua pela maternidade consciente e contra a violência no parto, outras bandeiras que ela levanta desde que se tornou mãe. Leia aqui o blog da cientista.
Além de Lígia, fizeram parte da mesa o psicólogo especialista em Ciências Humanas e Saúde pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Felipe Lisboa, autor do blog Psicologia dos Psicólogos (cliquei aqui). Com tom divertido, Felipe falou dos enfrentamentos com internautas ao se posicionar a favor dos temas defendidos pelo Fórum sobre Medicalização. Clique aqui para conhecer o blog.
Sergio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), fez explanação sobre a revolução das redes sociais como mobilizadora das massas. Sergio, ao terminar sua detalhada apresentação, também se emocionou ao falar de seu posicionamento a favor do parto natural, mencionando que seus três filhos nasceram em casa e são crianças muito saudáveis, ao contrário do que dita o mercado das cesarianas.