NOTA DE REPUDIO
O Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo (SinPsi) repudia a entrevista de Claudeir Santos, vice-presidente da Associação das Autoescolas do Paraná, concedida ao programa Atualidades, em 10 de janeiro, na TV Tarobá Cascavel, Paraná. O entrevistado não mede palavras para desrespeitar o trabalho d@s psicólog@s do trânsito, logo após ter afirmado cobrar, em sua autoescola, R$ 2.200 para cursos de habilitação de carro e R$ 2.550 para habilitação para carro e moto.
O sindicato reconhece a entrevista como grande desserviço à população. No vídeo, cuja parte pode ser vista neste link, Claudeir criticou as reprovações nas avaliações psicológicas, às quais ele insiste em chamar pela nomenclatura ultrapassada – “teste psicotécnico”. Além disso, disse que vai brigar pelo fim das avaliações no Brasil.
As afirmações desrespeitosas partem de alguém sem qualquer propriedade e conhecimento na área de Psicologia do Trânsito, alguém que ainda se diz desconfiado “dessa psicologia” e acusa @s psicólog@s de sua cidade de “sacanear as pessoas mais humildes, o senhor, a senhora, a empregada doméstica, o peão de fazenda”. A acusação é grave e segue. Logo em seguida ele afirma que “psicólogo não ajuda”, deixando a apresentadora visivelmente sem reação. A apresentadora do programa, por sua vez, não fornece em momento algum dados corretos sobre a relevância da avaliação psicológica na aquisição da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Seria a revolta do entrevistado oriunda do fato de que um candidato reprovado na avaliação psicológica significa um candidato a menos para sua autoescola? Dono de autoescola há 29 anos, Claudeir afirma com veemência que para se tirar uma habilitação é necessário apenas saber ler e escrever. Isso deveria preocupar muito as autoridades do Contran.
A Psicologia do Trânsito data da década de 1950, prestando serviços e estudando o comportamento dos condutores. Ao longo desses anos, @s profissionais da área, frente a novas demandas, se capacitaram e se especializaram, aprofundando o conhecimento e possibilitando atuação em campos como o das políticas públicas de educação do trânsito e o da mobilidade urbana.
Sendo assim, o SinPsi ressalta que a avaliação psicológica é de extrema importância para condutores e condutoras, não podendo ser substituída por exames toxicológicos, deixando de fora patologias apresentadas por candidat@s à CNH ou mesmo nas renovações e mudanças de categoria.
Cabe à Psicologia do Trânsito detectar níveis de agressividade, estudar relacionamento interpessoal, grau de ansiedade e impulsividade, além de avaliar a capacidade de raciocínio lógico, o grau de maturidade e níveis de atenção, imprescindíveis a quem quer dirigir veículos automotores.
Problemas de ordem emocional, distúrbios psicológicos, dificuldade de compreensão e retenção de informações, rebaixamento intelectual, deficiência na motricidade causada por doenças e a própria senilidade podem acometer qualquer pessoa, gerando perdas importantes para dirigir com segurança.
A Psicologia é uma ciência e como tal precisa ser respeitada. O direito de dirigir é conquistado por meio das condições que o indivíduo apresenta em determinado momento da vida. Em casos de fobia de trânsito, há profissionais terapeutas que dão suporte para que o candidato à habilitação possa enfrentar as dificuldades ao volante.
O SinPsi espera que Claudeir Santos, após tamanha demonstração de desconhecimento da atividade de Psicólog@ do Trânsito, se retrate publicamente a respeito do que disse em rede de TV.
Diretoria SinPsi