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Secretária adjunta de Saúde de Itu naturaliza racismo estrutural

O Sindicato dos Psicólogos e das Psicólogas do Estado de São Paulo vem manifestar profundo repúdio às declarações proferidas pela secretária adjunta de Saúde do município de Itu, Elissandra Mota, durante evento do agosto lilás, realizado em 29 de agosto de 2025, no auditório da Prefeitura.

Durante sua fala, a gestora afirmou que “as mulheres negras são mais fortes”, assim como pessoas do Norte do país, “em grande maioria, negros”, disse a secretária, “são fortes e resilientes”. Tal afirmação, feita em um contexto no qual se discutia o fato de mulheres negras sofrerem mais com a violência obstétrica, incorre na reprodução de estigmas historicamente construídos com base em premissas racistas e naturaliza a associação de grupos racializados a papéis de subalternidade, força física ou resistência à dor, elementos comumente utilizados para justificar a exploração, a violência e a negação de direitos desses grupos ao longo da história.

A psicóloga, mulher negra e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e Coordenadora da Igualdade Racial de Itu, Rosália Maria, repudiou o conteúdo da fala da secretária, mas sua intervenção foi desqualificada por Elissandra, o que aponta para um padrão de silenciamento e de deslegitimação de vozes que atuam na defesa dos direitos humanos e da equidade racial, nitidamente tentando desqualificar a luta antirracista.

O SinPsi SP considera que falas como as da secretária adjunta de Saúde de Itu ferem os princípios da administração pública, da legalidade, impessoalidade, moralidade e respeito à dignidade da pessoa humana, e comprometem a credibilidade das políticas públicas municipais e a segurança das usuárias e usuários dos serviços. O que se esperava de uma gestora de uma pasta tão importante é que considerasse criticamente o contexto histórico e social que sustenta o racismo, a xenofobia e outros preconceitos, que compreendesse os impactos negativos desses aspectos sobre a saúde das populações e que contribuísse ativamente na formulação de ações de enfrentamento.

Manifestamos nossa solidariedade à psicóloga Rosália Maria, reconhecendo seu compromisso ético político e sua importante trajetória na luta antirracista nos mais diversos campos de enfrentamento. Manifestamos, também, solidariedade a todas as pessoas atingidas por essas falas inaceitáveis. Racismo não se tolera, se enfrenta, assim como fez e faz Rosália e tantos lutadores e lutadores antirracistas. O SinPsi SP está junto nessa luta!

Diretoria do Sindicato dos Psicólogos e Psicólogas do Estado de São Paulo.