O “III Seminário Internacional A Educação Medicalizada” teve início no dia 10 de julho, no campus Paraíso da UNIP. Com o tema “Reconhecer e acolher as diferenças”, o evento, promovido pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, conta com vasta programação até sábado, 13 de julho, sobre os problemas da medicalização da vida e das políticas em diversos países.
Após o credenciamento, às 9h30 houve a primeira atividade do Seminário, a Reunião de Núcleos e Fóruns, que aconteceu simultaneamente em duas salas – uma de núcleos regionais e outra de núcleos internacionais. O primeiro grupo estava formado por militantes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rondônia, Acre, Pará, Espírito Santo e Distrito Federal. Com o debate enriquecido, algumas cidades estavam devidamente representadas, apesar de ainda não possuírem fórum, como é o caso de Brasília (DF), Teresópolis e Vassouras (RJ), Lorena e Piracicaba (SP). Ambas pretendem sair deste encontro com seus fóruns formados.
O debate regional levantou questões pertinentes, tais como as diretrizes e objetivos comuns das regiões dos cerca de 400 participantes, a garantia da participação dos núcleos nas reuniões nacionais e quais as recomendações para que o movimento prossiga, sem perder forças.
O grupo de Campinas (SP) mostrou-se bem estruturado ao falar sobre reuniões mensais, com agenda de atividades extensa.
“Um grande feito nosso foi o curso de formação para professores da rede estadual, sobre a abordagem do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). Além disso, temos um espaço no Fórum Permanente da Unicamp, onde já promovemos um seminário inteiro só sobre medicalização”, contou a fonoaudióloga Maria Teresa Cavalheiro, informando aos presentes sobre duas datas especiais: dia 18 de agosto, quando tentarão instituir o Dia Municipal contra a Medicalização; e o dia 22 de novembro, quando o núcleo Campinas promoverá seminário para convidados internacionais.
Outro núcleo que realiza encontros mensais é o da Bahia, formado por educadores, psicólogos, uma fonoaudióloga e um historiador. Desde outubro de 2011, o grupo tem sido atuante, tanto na abordagem política, acompanhando o trâmite de projetos de lei, quanto na abordagem acadêmica, com a recente criação de um grupo de estudos.
O grupo paranaense de Irati, cidade de 60 mil habitantes, contou que prioriza a qualificação do debate, aliando os olhares político e acadêmico.
“Nossa missão é construir mais núcleos no Paraná, apesar de haver entraves pelo fato de o estado ser muito conservador. O município de Maringá abraçou a nossa causa, mas só academicamente. Contamos também com o movimento estudantil como aliado”, disse o professor da Unicentro José Alexandre de Lucca.
Sala internacional
Enquanto isso, especialistas de Portugal, França, EUA, Chile, Argentina e Espanha uniram-se para trocar experiências e criar estratégias de enfrentamento ao cenário da medicalização da vida em esfera mundial. Na sala internacional, também pela manhã, o debate girou em torno de três eixos: as denúncias a serem atendidas no campo da clínica, da escola e da saúde pública; a teorização do enfrentamento; e o desenvolvimento de práticas contrárias às excludentes e aos interesses políticos e de classe.
Para Gisela Untoiglish, doutora em psicologia e psicanalista da Universidad de Buenos Aires, a atuação do Fórum da Argentina, criado em 2005, é favorecida pelo grupo interdisciplinar, formada por neurologistas, psiquiátricas, psicólogos, pediatras e educadores.
“A medicalização na Argentina é preocupante, porque conta com legislação a favor. Mas temos ações políticas articuladas a práticas clínicas e educacionais. Uma de nossas conquistas foi impedir que a Ritalina não fosse incluída no projeto de saúde pública do país. Mas nem sempre vencemos. Agora contamos com a força do Fórum Latino-Americano, instituído em junho deste ano, que nos une ao Fórum brasileiro”, conta Gisela.
Além da representação internacional, participaram desta reunião a pediatra e professora titular da Unicamp, Cida Moyses, e a dirigente da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), Marilene Proença.