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13|out : Dia Internacional para a Redução de Riscos de Desastres

Por Leonardo Maggi Gambatto

Neste 13 de outubro, às 15 horas, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza em suas redes sociais o evento “Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Emergências e Desastres na América Latina: Situação Atual e Perspectivas Futuras”, que objetiva a promoção do tema “emergências e desastres” a partir de uma perspectiva latino-americana junto à categoria. Na Live será apresentado o documentário “Processo Histórico: Cuidado Psicossocial e Saúde Mental em Desastres”, produzido pela Fiocruz Brasília. No evento o CFP divulgará as novas Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres, por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Política Pública (CREPOP).

Nesta data celebra-se Dia Internacional para a Redução de Riscos de Desastres, que traz como tema a cooperação internacional para países em desenvolvimento para reduzir o risco de desastres e perdas. A data faz parte da Campanha Sendai 7 do Marco de Sendai (2015-2030).

No Brasil, a Semana Nacional de Redução de Desastres foi instituída em 26 de setembro de 2005, por meio de Decreto Federal, e é celebrada na segunda semana de outubro, visando aumentar o senso de percepção de risco da sociedade brasileira, mediante a mudança cultural da população relacionada à sua conduta preventiva e preparativa, principalmente das comunidades que vivem em áreas de risco.

Em todo país vemos a ocorrência de desastres, muitos provocados pela interação do homem com o meio ambiente, ao colocar o lucro acima da vida. Eventos como o rompimento da Barragem de Mariana, em Minas, ou as atuais queimadas na Amazônia, são tristes exemplos disso. Recentemente, mais de 250 organizações assinaram o documento Declaração de São Paulo sobre a Saúde Planetária.

No estado de São Paulo, numerosos são os desastres sejam “naturais” ou “tecnológicos”, considerando a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE). Para além daqueles que ganham os holofotes e repercussão na mídia, muitos deles passam despercebidos e naturalizados no cotidiano das pessoas. Difícil esquecer do avião da TAM que em 17 de julho de 2007 não conseguiu parar na pista ao pousar, se chocando contra um prédio da companhia aérea, causando a morte de 199 pessoas, entrando para a história como o pior desastre aéreo já registrado em terras brasileiras. Esta memória histórica reflete riscos que persistem para os dias atuais, e não raros se repetem. Muitos são os eventos que dificilmente esqueceremos. Mas, muitos outros desastres não são facilmente recordados, como por exemplo, os decorrentes (dentre vários outros fatores) de chuvas intensas, como o ocorrido em fevereiro de 2020, considerado o mês de fevereiro mais chuvoso (foram 21 dias de chuva) dos últimos 77 anos, na cidade de São Paulo. Esses desastres provocam alagamentos, enchentes, desabamentos, desmoronamentos, quedas de árvores, destruição e mortes, ocasionando impactos psicológicos e que, em menor ou maior escala, infelizmente se repetem ano após ano, em diferentes regiões e cidades do estado.

Outros eventos muitas vezes nem mesmo têm recebido a devida atenção por parte da população. Exemplos são a atual emergência hídrica na região, que é mais severa do que a enfrentada na década passada e os focos de incêndio, em agosto de 2021 foi registrado o maior número de focos de incêndio no mês, em 10 anos, segundo dados do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Ainda mais despercebido passa todo o processo histórico-social de desigualdades no qual comunidades inteiras nascem e se desenvolvem em áreas de risco, vivendo muitas vezes em situação de insegurança alimentar, moradia precária, sem acesso a saneamento, gestão de resíduos sólidos e tantos outros direitos básicos. Situações que para além de constituírem-se riscos, geram vulnerabilidades que fazem com que estas populações sejam as mais afetadas por emergências e desastres.

Existe ainda, o caso dos riscos que estão por serem criados, a exemplo, a construção do Centro Logístico Campo Grande, em Santo André, no ABC Paulista. Se aprovada, para além do desmatamento em área de Mata Atlântica, perda de biodiversidade e afugentamento da fauna para as áreas vizinhas, são previstos danos como alteração da qualidade do ar, assoreamento de cursos d’água e alteração na qualidade das águas superficiais.

Por fim não há como se falar em desastres, sem considerar a pandemia de Covid-19 ainda em curso, implicando em estado de calamidade pública, reconhecido por decreto e que já ocasionou a morte de mais de 150 mil pessoas no estado de São Paulo.

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Leonardo Maggi Gambatto- Psicólogo Especialista em Psicologia em Saúde, Representante no SinPsi e Coordenador do Núcleo de Emergências e Desastres (NED) do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP)-Subsede Grande ABC.

Foto: Victor Moriyama / Greenpeace