Ministério da Educação lançou em abril uma cartilha com recomendações para combater e evitar a violência nas escolas
A escalada de violência que ocorre nas escolas brasileiras deve ser vista como parte de uma cultura social mais ampla, dentro de um cenário mundial, mas com características nacionais bastante marcantes; o Brasil foi construído sob bases violentas, do genocídio, da escravidão, “desde a colonização com uma naturalização de formas violentas nas relações sociais e na organização do Estado”, afirma o psicólogo Gabriel Medina, ex-secretário nacional de políticas para a juventude e presidente do Conselho Nacional de Juventude.
Em recente artigo publicado na revista Carta Capital, Medina aborda a questão da violência escolar, alertando para o fato de que o fenômeno não pode ser analisado isoladamente. Para ele, há um conjunto de fatores culturais, psicossociais e conjunturais que apontam explicações para a elevação do número de ataques em escolas. Segundo a Michele Prado, pesquisadora do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, citada por Medina na matéria, os ataques ocorridos entre 2022 e 2023 já superam os números dos últimos 20 anos.
Para o psicólogo “os estudos de perfis dos autores dos ataques têm demonstrado que são jovens, em sua maioria do sexo masculino e brancos, com baixa sociabilidade em ambientes presenciais, com pouca vivência coletiva. Exercendo a socialização majoritariamente por meios virtuais, o desconforto social é mobilizado como ódio ao diferente, sendo facilmente cooptados por discursos extremistas e misóginos, racistas e autoritários”.
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Cartilha
Como parte do esforço para compreender e combater esse problema foi criado um Grupo de Trabalho Executivo do Ministério da Educação para o Enfrentamento e Prevenção às Violências nas Escolas e Universidades. Gabriel Medina é um dos integrantes do grupo, que produziu recentemente uma cartilha com orientações práticas
Segundo o Ministério da Educação, a cartilha “Recomendações para Proteção e Segurança no Ambiente Escolar foi publicada no dia 19, em formato online, e busca orientar a comunidade escolar, incluindo estudantes, familiares e/ou responsáveis, profissionais da educação, gestores e conselheiros, profissionais de saúde mental, proteção e assistência social, policiais da ronda escolar, pessoal de resposta a emergências, profissionais de segurança, entre outros”.
O documento apresenta orientações para os entes federados e para as redes e instituições de ensino. Também informa os canais de denúncias criados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Operação Escola Segura, iniciada em 6 de abril; e pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que disponibilizou um número de WhatsApp exclusivo para denúncias, além do Disque 100.