O respeito aos limites dos deficientes intelectuais no trabalho e na educação foi foco de debate promovido nesta quarta-feira (19) pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara. O presidente da comissão, deputado Luiz Couto (PT-PB), chamou atenção para o preconceito vivenciado pelos deficientes intelectuais que, muitas vezes, têm o desenvolvimento limitado por conta das barreiras impostas pela própria sociedade.
“É preciso atenção especial com política de inclusão social dessas pessoas. Não temos que ter pena e, sim, incentivar os deficientes intelectuais a acreditarem e promover o bom desenvolvimento deles como cidadãos trabalhadores”, disse.
O debate aconteceu no I Fórum Sobre Deficiência Intelectual X Jornada de Trabalhador com Deficiência Intelectual, realizado pela comissão. Pesquisa recente realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), indica que 90% dos entrevistados assumem ter preconceito com deficientes intelectuais em locais de trabalho e estudo. A mesma pesquisa ainda diz que 96% não quer, ou não gostaria de conviver com deficientes intelectuais.
Para o vice-presidente da CDH, deputado Pedro Wilson (PT-GO), o problema é antigo. “Ainda hoje há locais que sequer possuem cadeiras para canhotos, imagine se existe preocupação com os deficientes intelectuais. É sabido que eles necessitam de mais tempo para digerir e transmitir informação, portanto, é fundamental e dever da sociedade, incluindo empresários, se conscientizarem quanto às limitações de tempo e condições de trabalho dessas pessoas”, disse.
Pedro Wilson, que coordenou a mesa durante o evento, enfatizou que “antes de qualquer iniciativa, é importante a conscientização individual”. O deputado criticou a atitude de muitos empresários que não cumprem a Lei de Cotas e nem se preocupam com o papel social. “De nada adianta ter políticas com foco na inclusão social, só foco não resulta em nada. É preciso, de fato, promover essa inclusão, eliminando o preconceito, principalmente de empresários que pensam que quem deve se adaptar à empresa é o deficiente, quando deve acontecer o contrário”.
A deputada Janete Pietá (PT-SP) elogiou a ação da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) de vários estados, presentes no evento. “Falamos muito em limites e o testemunho desses jovens é a prova de que o incentivo e o desejo profundo de crescer, estimula os sonhos de quem nunca acreditou que conseguiria vencer as limitações”.