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Na mostra Nacional da Economia Solidária, lideranças sindicais destacam atuação da CUT na criação de uma alternativa para os trabalhadores

Na abertura da 1ª Mostra Nacional de Comercialização dos Produtos e Serviços da Economia Solidária, na manhã desta quarta, dia 28, em São Paulo, lideranças sindicais destacaram que a iniciativa da ADS (Agência de Desenvolvimento Solidário) de criar a Conexão Solidária, central de comercialização de produtos de cooperativas e associações, faz parte da estratégia da CUT em busca de um novo modelo de desenvolvimento.

“A economia solidária é um dos pilares estratégicos da nossa Central, pois organiza os trabalhadores que estão fora do mercado de trabalho formal e cria uma alternativa ao modelo vigente. O que nos faltava era fincar o pé num plano bem traçado de comercialização”, disse o presidente da CUT, Artur Henrique, na cerimônia de abertura. Artur também cobrou que os bancos públicos e privados invistam no setor, “que tem risco baixíssimo, porque quem luta para viver de maneira coletiva é bom pagador”.

A ADS foi criada pela CUT em 1999 e desde então vem atuando na organização de cooperativas e associações de trabalhadores e na captação de crédito para esses empreendimentos. A Conexão Solidária vai atuar para que os produtos cheguem às prateleiras do grande comércio varejista das regiões Sul e Sudeste.

O coordenador geral da ADS, Ari Aloraldo do Nascimento, definiu o desafio da Conexão: “Garantir que as receitas retornem aos trabalhadores e trabalhadoras das cooperativas e associações. Hoje, é comum uma cooperativa, na tentativa de negociar seus produtos, ser injustiçada nos preços”. Para o médio prazo, diz Ari, o objetivo é tornar a própria central Conexão Solidária um empreendimento autossustentável: “Hoje temos parcerias importantes que nos ajudam, mas nosso objetivo é caminhar com as próprias pernas”, disse.

Para o representante da Fetraf-Brasil (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) Henrique da Mota Barbosa, o debate sobre formas competitivas de comercialização dos produtos da agricultura familiar teve início nos anos 1990, quando as cooperativas e associações perceberam claramente que a comercialização é um gargalo a partir do qual grandes grupos empresariais exploram os trabalhadores. “Outro desafio da Conexão Solidária e da ADS como um todo é ajudar que as políticas públicas para o campo, indispensáveis, cheguem até os trabalhadores”.

Para Arildo Mota, presidente da Unisol (Universidade Solidária), “olhar e organizar o trabalhador que não está no mercado formal é a grande sacada da CUT”. Para Jasseir Alves Fernandes, da Executiva Nacional da CUT e da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a atuação da ADS e da Conexão Solidária faz da CUT a “central que representa todos os segmentos de fato. Para os agricultores familiares, a comercialização representa o momento de sua negociação coletiva”.

Jacques de Oliveira Pena, presidente da Fundação Banco do Brasil e ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília, uma das entidades fundadoras da CUT, destacou que a Central vem debatendo e defendendo a economia solidária há pelo menos duas décadas, o que pode ser confirmado através de resoluções de congressos. “Temos aqui uma alternativa ao modelo econômico predominante, com possibilidades de consolidar o conceito de comércio justo, justiça social e respeito ao meio ambiente”.

Antonio Pinheiro Mendonça, da Secretaria Nacional de Economia Solidária, lembrou que há mais de 20 mil empreendimentos solidários no Brasil, geridos por mais de 2 milhões de trabalhadores. “É um movimento vivo e forte, vanguarda desse novo modelo de desenvolvimento que estamos debatendo. O fato de a CUT estar envolvida é muito importante”.

Já o secretário nacional de Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência da República, o ex-dirigente cutista Gerson Luiz de Almeida Silva, lembrou que dos empreendimentos solidários existentes no País, apenas 3% têm alcance nacional. “Então, nosso desafio é ampliar a escala das políticas públicas para o setor e disputar o modelo. Se o modelo econômico está em crise, é preciso que as forças sociais criem alternativa. Nesse plano se insere da ADS e sua Conexão Solidária”.

A Mostra segue até sábado, com exposição de produtos de 160 empreendimentos, desfile de moda e oficinas termáticas com participação de lideranças sociais, empreendedores e acadêmicos. Para acompanhar o dia-a-dia, acesse www.mostraconexaosolidaria.org.

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