Há apenas 20 anos a sociedade brasileira reconheceu a saúde como
“direito de todos e dever do estado”, dando o primeiro passo para a construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Este movimento regido pelos princípios da universalização, equidade e controle social acabou por se constituir, em conjunto com a extensão da previdência aos trabalhadores rurais, em um dos pilares da inclusão no período democrático recente do país.
Todavia, a nova forma de atuação da esfera pública para a atenção à saúde encontrou uma organização privada de grande magnitude, estabelecida e operando livre de regulamentação, por pelo menos 40 anos, neste ramo de atividade. Disto resultou a conformação do sistema de saúde do país, uma estrutura na qual convivem um sistema público, orientado por pressões sociais sobre orçamentos de municípios, unidades federativas e união, e um mercado privado, ambos em expansão.
Analisar os efeitos deste processo no volume de ocupações geradas, na extensão das jornadas praticadas, e nos rendimentos dos trabalhadores em serviços de saúde no período compreendido entre
1998 e 2008 é o objetivo deste primeiro número de uma série do Boletim Trabalho na Saúde. Para tanto, a fonte de dados utilizada é a Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, realizada pelo convênio DIEESE/Seade/MTE-FAT e parceiros regionais no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.