O Fórum Popular de Saúde é um movimento organizado por usuários do SUS, trabalhadores, estudantes e outros movimentos sociais que lutam pelo direito à saúde pública, estatal e de qualidade.
Realizamos na última quinta-feira a manifestação “Primeira Grande Via Sacra de Luta pela Saúde” por estarmos indignados com o descaso com as pessoas, que precisam percorrer caminhos dolorosos para conseguir atendimento na rede de saúde. Escolhemos três estações de crucificação: a Secretaria da Presidência da República; o Hospital Sírio Libanês; e a Prefeitura de São Paulo.
A manifestação denunciou a falta de investimentos e as privatizações da saúde. Exigimos plano de carreira, concursos públicos para todas as profissões e defendemos o afastamento imediato do secretário de saúde, Giovanni Guido Cerri, que mantém vínculos com o setor privado, caracterizando conflito de interesses como foi denunciado pela revista da ADUSP.
O real incomodo
Logo após a manifestação veio a público a Nota à Imprensa do Hospital Sírio Libanês que acusa o movimento de ter perturbado seus pacientes. Os representantes do Hospital assumem a estratégia que “aceita” o protesto, desde que não incomode a elite. O movimento permaneceu menos de 30 minutos na frente do hospital, sem microfone e cercado por seguranças. De fato, o que incomodou não foi o barulho das vozes em jogral, mas a contundência da crítica e a força popular do protesto. O que incomodou foi ver pela primeira vez o povo cobrar o preço de uma saúde excludente, na qual os recursos existem somente para cuidar da saúde dos ricos e de uma pequena elite política. Como é possível que milhões do nosso dinheiro público sejam utilizados no cuidado de Sarney e de uma limitada casta política, enquanto a maioria da população perece, sem recursos, nas filas do SUS? Como podemos chamar um hospital como esse de filantrópico?
Os representantes do hospital disseram ainda que são responsáveis pelo atendimento de quase vinte mil internações por ano “com a mesma excelência assistencial”. Porém, nesta mesma nota não mencionam que a maior parte do país nem sonha em um dia poder passar em um hospital como aquele, o retrato da exclusão na sociedade e na saúde. Obviamente, o atendimento “democrático” que alguns privilegiados ali recebem, só é possível devido ao sofrimento de outros milhões de brasileiros. O Hospital Sírio Libanês é o símbolo de uma política que não aceitamos: a saúde como mercadoria! Como menciona a nota deles, a mobilização é um direito e nós continuaremos na luta para que a saúde seja de fato um direito de todos e um dever do Estado.
Convocamos todos os impacientes com a realidade da saúde para a continuação desta manifestação. A “Segunda Grande Via Sacra de Luta pela Saúde” ocorrerá na próxima terça-feira, 13 de agosto, às 17h em frente à Prefeitura de São Paulo. Clique aqui e saiba mais.