O documentário Família Carvalho, que conta a história de uma família de operários militantes de esquerda durante a ditadura, será lançado na cidade de São Paulo neste sábado (21). A exibição faz parte do Sábado Resistente, atividade que debate temas sociopolíticos de diferentes épocas, do Memorial da Resistência e do Núcleo de Preservação da Memória Política. O filme foi produzido e exibido pela primeira vez no programa ABCD em Revista, da TVT.
“Existem muitas histórias da luta armada que nós nem ficamos sabendo. Nós sempre escutamos bastante sobre a ação de movimentos intelectuais e estudantis da época da ditadura. Isso já nos é conhecido. O que nos chamou atenção é que todos os membros da família Carvalho são operários”, afirma o diretor do ABCD em Revista, Bruno Mascarenhas.
Devanir José de Carvalho, um dos irmãos, conhecido como comandante Henrique, fazia parte da liderança do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) – grupo de resistência armada à ditadura. O militante foi capturado em uma emboscada na capital, armada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Levado para o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), Devanir foi torturado e morreu no dia 7 de abril de 1971.
Os irmãos Derly, Daniel, Joel e Jairo também foram duramente perseguidos durante a ditadura e tiveram de deixar o país. Daniel e Joel foram exilados no Chile e voltaram ao Brasil em 1974. Naquele ano, foram pegos em uma emboscada e assassinados. Derly e Jairo são os únicos sobreviventes da família Carvalho. Ambos conseguiram novamente a cidadania brasileira com a anistia, em 1979, mas só Derly permaneceu no Brasil. Jairo reside na França.
O organizador dos Sábados Resistentes, Ivan Seixas, coordenador da Comissão Estadual da Verdade em São Paulo, reforça a importância de se retratar a luta operária contra a ditadura. “Há uma lenda de que a resistência àditadura foi praticamente feita por estudantes. A maior parte da luta foi feita por trabalhadores, que foram os que mais sofreram com a repressão. Quase todos os sindicatos foram perseguidos. A militância operária foi muito mais intensa e reprimida que a estudantil, e isso não é divulgado”, argumenta.
Após a exibição do documentário, haverá um debate com a presença do irmão sobrevivente, Derly José de Carvalho e do historiador Yuri Carvalho, neto de Devanir. A exibição seráàs 14h, deste sábado (21) no Memorial da Resistência de São Paulo – Largo General Osório, 66.
PROGRAMAÇÃO
14h00: Boas vindas: Karina Teixeira (Memorial da Resistência de São Paulo)
Coordenação: Ivan Seixas (Núcleo de Preservação da Memória Política)
14h30 às 15h30: exibição do documentário “Família Carvalho”
16h00 às 17h30: debate
– Valter Sanchez (Diretor de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; desde 2010 é presidente da Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho, que aglutina importantes veículos de comunicação dos trabalhadores, como a TVT)
– Júlio Turra Filho(membro da Diretoria Executiva da CUT, sociólogo, professor, filiado ao Sinpro ABC, perseguido como militante do Movimento Estudantil durante a Ditadura Militar)
– Yuri Carvalho(historiador, licenciado e mestrando em História pela Universidade Federal de Santa Maria/RS)
– Derly José de Carvalho(metalúrgico aposentado e ex militante da Ala Vermelha)
Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.
Informações à imprensa:
– Memorial da Resistência de São Paulo
– Secretaria de Estado da Cultura
Giulianna Correia – 2627-8243 – gcorreia@sp.gov.br
Renata Beltrão – 2627-8166 – rmbeltrao@sp.gov.br