Estudo mostra ainda que em quase metade dos assassinatos boletins de ocorrência não mencionam motivos do crime
São Paulo – Pesquisa divulgada na tarde de ontem (12) pelo Instituto Sou da Paz indicou que 19% dos homicídios registrados na capital paulista, entre janeiro de 2012 e junho de 2013, tiveram indícios de execução (quando o autor tem a intenção de matar, premeditando o crime). A pesquisa analisou 1.777 boletins de ocorrência.
No período analisado, 329 pessoas foram mortas com indício de execução. Os jovens entre 15 e 29 anos (42,4%), negros (45,8%) e homens (97%) são as principais vítimas. Os registros desse tipo de crime ocorrem em maior quantidade nas delegacias responsáveis pelas periferias da zona norte, leste e sul. Em 95% dos casos com indício de execução, o autor é desconhecido, escondendo a identidade com o uso de máscaras e capacetes, e em 98%, foram usadas armas de fogo.
O estudo revelou que em 43% dos assassinatos não foi mencionado motivo ou circunstância do crime, nos boletins de ocorrência. Em 79% do total de casos analisados, não se sabe quem é o autor. “Muitos crimes com autoria desconhecida e com circunstâncias desconhecidas revela que a gente precisa melhorar muito a produção de dados, inclusive para que a gente possa fazer afirmações”, ressaltou a diretora do instituto, Luciana Guimarães. “Não adianta só a gente saber que tem execução e a gente não consegue dizer quem está executando”, pontuou. Em 13% dos casos, há registro apenas de que um corpo foi encontrado.
O secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, admitiu que o nível de esclarecimento dos assassinatos ainda é “muito baixo” e declarou que o governo Aldkmin está trabalhando para melhorar a qualidade das investigações e aumentar o percentual de crimes solucionados.
“Estamos dotando as polícias de ferramentas, com o uso da tecnologia da informação, melhores e mais eficazes”, disse, ao citar iniciativas como o projeto de integração da base de dados dos órgãos de segurança paulistas.
De maneira geral, entre as causas de assassinatos notificadas estão discussões (13%), conflitos de casal (4%) e reações a um crime (4%). A maior parte das vítimas é homem (87%) e negro (49,1%). A arma de fogo foi utilizada em 61,2% dos assassinatos, seguida pela arma branca (16,1%) e pela agressão (9,9%).