Filme aborda a trajetória de oito artistas travestis que fizeram história no Rival, teatro que pertence à família de Leandra Leal há gerações. Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Brigitte de Búzios, Camille K., Fujika de Halliday e Marquesa viram Leal crescer na coxia e nos bastidores da casa, localizada na Cinelândia, região no centro do Rio
Sentada no fundo de um café em São Paulo, Leandra Leal está ansiosa. Seu olhar desvia do celular para o menu na mão esquerda e vice-versa, enquanto ela bate o salto da sandália no chão incessantemente. O motivo é compreensível: Divinas Divas, o documentário que marca sua estreia como diretora de cinema, tinha estreia agendada para dali três dias – esta quinta-feira (22).
“É um momento muito difícil. Você pode fazer o que for, mas ele é incontrolável”, diz em entrevista ao HuffPost Brasil. “Se vai dar público ou não, se as pessoas vão ao cinema ou não. Tanta coisa pode acontecer.”
Além disso, Divinas é um filme um tanto pessoal para a atriz de 34 anos. Ele aborda a trajetória de oito artistas travestis que fizeram história no Rival, teatro que pertence à família de Leal há gerações. Rogéria, Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Brigitte de Búzios, Camille K., Fujika de Halliday e Marquesa viram Leal crescer na coxia e nos bastidores da casa, localizada na Cinelândia, região no centro do Rio.
Delicado e carregado de sentimento, o documentário é uma declaração de amor da diretora aos legados das divas, cujas carreiras já duram mais de 50 anos, e ao do Rival, nome que atravessa a vida artística da capital.
“O Rival é a casa da minha família”, conta. “A vida das divas está eternizada no longa, mas também está naquele espaço. E isso, para mim, é emocionante.”
Ela não nega que é um filme “feito com admiração e amor”. “Divinas tem uma característica específica: só eu poderia fazê-lo”.
“É uma maravilha ter uma diretora que também é atriz”, diz Rogéria ao HuffPost. “A sensibilidade de quando se é ambos é fantástica. Ela foi muito carinhosa conosco. É uma satisfação. E um registro. Forever”, conclui, com um gesto dramático.
Algumas horas antes, na coletiva de imprensa, Leal, bem-humorada, anuncia logo de cara que está de ressaca: “Tô péssima”. Ela passou a tarde com as divas no trio de Divinas na Parada LGBT, no dia anterior.
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