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Epidemia de cesárea continua na cidade de São Paulo

OMS recomenda que taxa de cesáreas não supere os 15%; vários hospitais públicos ultrapassam os 50% e particular até 96%

A epidemia de cesáreas segue em alta na cidade de São Paulo. Dados disponibilizados recentemente pelo Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc) e Coordenação de Epidemiologia e Informação da SMS/SP (Ceinfo), revelam que dos 185.012 nascimentos em 2018, 99.774 deles foram por cesáreas (53,9%) e 85.236 (46,1%) por partos vaginais.

Esses números deixam a cidade a uma enorme distância do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). A recomendação da OMS é de que as cesarianas nunca ultrapassem o percentual de 15% dos nascidos.

Em 2018, os hospitais próprios ou contratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade registraram 105.645 nascidos vivos, dos quais 36.187 por cesáreas (34,4%). Somente a Casa de Parto de Sapopemba e a Casa Ângela atingem a taxa indicada pela OMS.

Melhores e piores

O melhor desempenho da rede municipal é o do Hospital Geral do Itaim Paulista com 21,8% de cesáreas. E o pior é o do Hospital do Servidor Municipal com 59,7%. Os campeões de cesáreas na rede pública estadual são o Hospital do Servidor Estadual (73,65%) e o Hospital das Clínicas (62,5%).

Na rede privada os dados são alarmantes. Do total de 78.832 nascidos vivos 81,1% foram por cesáreas com o Hospital Santa Joana na dianteira (89,15%), seguido do Pro Matre (86,5%). Chama a atenção o Hospital e Maternidade Masterclin que alcançou a taxa de 96%.

Quando é recomendada

A cesárea é uma intervenção efetiva indicada para não colocar em risco a vida de mães e bebês. E recomendada somente por motivos médicos. Mas não é o que se observa na cidade no País. Esses índices acima de 50% evidenciam que as cesáreas estão sendo realizadas de forma aleatória, sem critérios clínicos.

E mais. As taxas de cesáreas acima de 10% não estão associadas à redução de mortalidade materna e neonatal.
 Esses dados mostram que há grande desafio e muitas lutas pela frente para modificar essas práticas cesaristas existentes no País e, em especial, na cidade de São Paulo.

O mais preocupante é que diante desses dados a Prefeitura de São Paulo não esboça medidas para rever o quadro. E não toma providências concretas para combater essas taxas de cesáreas.

As obstetrizes, profissionais extremamente preparadas para combater essa epidemia, por exemplo, esperam há três anos as suas nomeações para começar a atender nas unidades municipais.

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