Notícias

A falta que um SUS faz

Suicídio emblemático nos EUA revela: sem saúde pública, idosos e aposentados vão à falência

No início do mês, um homem de 77 anos matou sua mulher, de 76, e se matou em seguida na Costa Oeste dos EUA. Não foi um crime passional, nem motivado por briga, nem por nenhuma razão que se possa imaginar intuitivamente: foi pelo desespero de não poder pagar dívidas médicas. Noticiado em todo o país, o episódio dá mais gás à discussão sobre a saúde nos EUA, que tem sido central por lá. E é mote para uma didática matéria da Piauí sobre esse debate.

No sistema público-privado dos EUA, tudo é baseado em seguros de saúde. Quem pode, paga. E o governo subsidia o seguro de alguns grupos específicos, com o Medicare, voltado para maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e população de baixa renda. Porém, mesmo esses grupos precisam pagar por medicamentos, hospital e tratamentos especiais. E o Obamacare, que fez aumentar muito o número de pessoas cobertas, é alvo constante do governo Trump.

Os altos custos vêm levando pessoas à falência – principalmente idosos e aposentados, que têm suas vidas destruídas justo no momento em que mais precisam dos serviços de saúde. Quem não é suficientemente pobre para se receber ajuda do governo também se vê em maus lençóis. “Vi muitos casos em que as pessoas tiveram seus cadastros negados por ganharem 1 dólar, 5 dólares a mais do que deveriam. Poderiam ser casais de baixa renda com crianças, mulheres grávidas”, conta uma pesquisadora que já trabalhou para o governo. Ao mesmo tempo, tem gente com dinheiro que contrata advogados para esconder a renda e usar o benefício.

A matéria faz paralelos com o Brasil, onde o SUS nos protege desse tipo de coisa. Mas não sabemos até quando: “O governo Bolsonaro tem falado em rever normas do SUS e, ainda que mantendo o acesso universal, previsto na Constituição, quer discutir conceitos como a equidade em saúde, que obriga o governo a fornecer medicamentos de alto custo. Em julho, o Ministério da Saúde rompeu contratos com laboratórios de produção de dezenove remédios distribuídos gratuitamente no SUS”, diz o texto.

Deixe um comentário