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Atividade do SinPsi propõe questões raciais ao caderno de teses do VIII CNP

“Foi só curtir o Facebook do sindicato que logo apareceu um post falando do evento de hoje. Nem acreditei no que eu estava lendo: um tema sobre a questão racial”. Foi com essas palavras que o estudante de psicologia Jefferson Pinto se apresentou ao grupo, durante a Atividade Livre do SinPsi, na noite desta quarta-feira, 27 de fevereiro. Com pouco espaço nos debates sobre mundo do trabalho, a questão racial foi o mote da temática da atividade, intitulada “Mundo do Trabalho – Inserção da Psicologia com Reflexão sobre a Questão Racial”. 

O evento, preparatório ao VIII Congresso Nacional de Psicologia (CNP), teve como público profissionais de psicologia, de outras áreas de atuação e membros do Coletivo Negro do SinPsi.

Após as apresentações pessoais, a diretora do SinPsi e presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (FenaPSI), Fernanda Magano, proferiu palestra sobre a importância das entidades sindicais na luta por melhores condições de trabalho. Fernanda explicou que a política de valorização do trabalho no meio sindical propõe a geração de emprego de qualidade com base no conceito de Trabalho Decente e proteção social, tudo com muita democracia, com amplo direito a negociação e organização.

“Dentro dos conceitos de Trabalho Decente, encontramos o desenvolvimento de ações de combate à discriminação. Só que, ao mesmo tempo, existe uma população carente, com forte tendência a negar sua condição racial, por questões até mesmo de sobrevivência. Percebo isso no sistema prisional. Então, é aí que o psicólogo precisa atuar”, aponta a diretora.

Além disso, o psicólogo negro lida com discriminação em diversas vertentes do mundo do trabalho, como o acesso ao emprego, a remuneração, a ascensão e a permanência no emprego, tanto de mulheres quanto de homens negros. É preciso haver compromisso com a equidade de gênero e de raça, priorizando a gestão de pessoas.

Em seguida, a palestra abordou os obstáculos a serem vencidos, como a pulverização da categoria e a participação política limitada. Dessa maneira, todos foram convidados ao questionamento sobre qual o futuro da psicologia brasileira.

“O psicólogo precisa compreender-se como trabalhador, principalmente na sociedade atual, em que há forte ausência da consciência de classe. Precisamos nos organizar nas entidades que nos representam”, frisou Fernanda Magano.

Para enriquecer o debate, a palestrante apresentou painel sobre o caráter socioeconômico do trabalho, que mostra números gerais de profissionais de psicologia atuantes nas políticas públicas:

Saúde – 40.000

Assistência social – 20.000

Medidas sócio-educativas  – 2.000

Sistema prisional –  5.000

Tribunais de justiça – 3.000

Defensorias públicas -500

Em seguida, os presentes definiram as teses a serem aprovadas nos Pré Congressos regionais, em que serão apreciadas e votadas para compor o Congresso Regional de Psicologia (COREP), que ocorre entre os dias 26 e 28 de abril, e o VIII CNP, de 30 de maio a 2 de junho.

“Olha, gostei muito. Sou curioso por natureza e vim só para ver o que havia para ser dito. E descobri um universo de reflexões”, disse Jefferson, já menos surpreso, ao final da atividade livre.

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