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Autor pede retirada de PL da ‘cura gay’ da pauta da Câmara

Sindicato dos Psicólogos de São Paulo comemora decisão, mas adverte que será necessário trabalho social para reverter debate discriminatório contra comunidade LGBT

São Paulo – O deputado João Campos (PSDB-GO) anunciou hoje (2) a decisão de retirar da pauta do plenário da Câmara o Projeto de Decreto Legislativo 234, de 2011, conhecido como “cura gay”, que provocou protestos da comunidade LGBT e de grupos em defesa dos direitos humanos. A decisão foi tomada depois que o próprio partido de Campos condenou a proposta, que revogava resolução do Conselho Federal de Psicologia que impede os profissionais da área de participar de terapias que visem a alterar a identidade sexual de uma pessoa.

Depois da aprovação pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, presidida pelo evangélico Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), trabalhava para acelerar a tramitação e rejeitar a proposta em plenário. Agora, a retirada de pauta depende de resolução da Mesa Diretora, que vai consultar o regimento da Casa. “Se ele não for retirado, nós vamos derrubá-lo hoje ou amanhã”, disse o líder do PT, deputado José Guimarães (CE).

A decisão foi comemorada pelo presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, Rogério Giannini, que atribui a decisão parlamentar à mobilização da sociedade. “O projeto de “cura gay” acabava, pelo nome, escondendo um fator importante que é o envolvimento da psicologia  nisso”, afirma. “Fundamentalmente, é trazer para o campo da doença uma característica humana, presente historicamente na sociedade, construída e desconstruída em vários momentos da história. Quando a sociedade avança na concepção do que é a expressão do sujeito na sociedade, trazer esse debate de uma maneira atravessada, como doença, como pecado, como erro, é ruim.”

Pelo Twitter, Marco Feliciano celebrou a decisão de Campos de retirar o projeto de pauta, afirmando que o fato de não ter sido rejeitado abre espaço para que seja apreciado novamente na próxima legislatura. “Mas em 2015 aguarde a Frente Evangélica! Seremos muitos! E agora sabemos quem é quem! Parabéns a todos! Marcamos posição!”, afirmou, acusando que alguns partidos queriam “fazer festa” com a reprovação do texto.

Para Giannini, reside aí a grande herança negativa trazida pelo debate em torno da “cura gay” e de outras propostas da bancada religiosa. “É uma marca muito negativa. Se a gente considerar que o Brasil não apenas discrimina, como mata homossexuais, trazer o debate dessa maneira trouxe um malefício que fica, apesar da retirada do projeto. A gente precisa recuperar agora a pauta positiva. O mínimo é a tolerância. O melhor é a valorização da diversidade”, criticou. “É fundamental que a gente discuta a saúde pública. Não é qualquer psicologia. É uma psicologia que respeita os direitos humanos.”

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