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Centrais sindicais manifestam apoio a Dilma em ato no ABC

Poderia até parecer adivinhação, mas não era. Era experiência própria. Em sua fala, Lula advertiu os presentes ao encontro de sindicalistas com a candidata Dilma Rousseff, realizado na manhã do último sábado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, de que os jornais, rádios e televisões não dedicariam à Dilma espaço igual ao que iam dedicar ao candidato tucano José Serra, que naquele mesmo dia havia promovido o lançamento oficial de sua candidatura à Presidência da República em Brasília.

À noite, a previsão do presidente Lula já estava confirmada. Quem teve a paciência de assistir a cobertura da TV viu que aquele sábado político parecia uma mera discussão entre comentaristas de futebol que cobrissem uma partida de futebol entre seu time predileto e um outro. Era uma torcida pura, escancarada. A Globo News, por exemplo, promoveu um encontro entre três jornalistas, todos absolutamente fora de forma, que tudo fizeram para parecer que o que os tucanos diziam em Brasília era verdade absoluta e aquilo que petistas, comunistas, pedetistas, pessebistas, peemedebistas e até mesmo tucanos arrependidos haviam dito em São Bernardo do Campo era mera bobagem.

No domingo, os jornais impressos e as páginas de internet mais uma vez comprovavam que Lula tinha razão. Além da manchete de primeira página, a Folha dedicou três páginas ao evento tucano, enquanto reservou apenas meia página ao encontro de Lula, Dilma Rousseff, o candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante, a candidata ao Senado Marta, o ministro do Trabalho Carlos Lupi e os presidentes das centrais sindicais que representam os trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil. Na platéia do auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, local histórico, havia mais de 700 pessoas, a imensa maioria trabalhadores e suas famílias, sem contar os mais de 50 jornalistas da imprensa comercial (“burguesa”, segundo as palavras de um menino de 7 anos que, acompanhado dos pais, vestia a camiseta do PCdoB). Ministros e prefeitos, como o de São Bernardo e ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, compunham a mesa.

O Estadão não deixou por menos. Trouxe em sua edição de domingo um álbum de figurinhas da Copa do Mundo 2010 todo escrito em inglês. Trouxe também 4 páginas de cobertura do evento tucano – sem contar a manchete e as páginas de opinião, aquelas feias e sem foto – e dedicou somente meia página para o encontro de Dilma e sindicalistas no ABC.

“Mas, o que isso importa?”, pergunta o presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, um dos componentes da mesa reunida no último sábado durante o debate no Sindicato mais famoso do Brasil. “Temos uma militância absolutamente convencida de que o Serra e os tucanos, junto com os ex-peefelistas, poderiam fazer o Brasil andar pra trás e destruir as políticas sociais que estão mudando o País. Políticas que estão incluindo milhões de pobres ao mercado de trabalho, ao consumo e ao ensino público, o que dará uma nova perspectiva de futuro aos filhos do povo, nossos próximos engenheiros, médicos, cientistas e, por que não, jornalistas”.

Ensino técnico – O encontro dos trabalhadores no ABC divulgou dados importantes. Um deles, anunciado pelo coordenador técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, que subiu à tribuna para apresentar resultados de um estudo sobre mercado de trabalho e qualificação profissional, bateu de frente com o discurso da oposição. Desde 1909, o Brasil havia construído e botado para funcionar 140 escolas técnicas. Em menos de oito anos de governo sustentado pela base popular (partidos de esquerda e movimentos sociais), foram construídas 214 escolas técnicas.

O mestre de cerimônias do encontro, Carlos Alberto Grana, já havia comemorado que o governo federal bateria a marca de “15 ou 16 milhões de emprego com carteira assinada”, antes de que a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT e dos partidos da base aliada, além de confirmar a previsão anunciada por Grana, fizesse sua profissão de fé.

Não fujo da luta – “Eu não fujo quando enfrento dificuldades”, anunciou Dilma, em clara referência ao adversário, que se refugiou no Chile enquanto vários lutadores, incluindo ela mesma, enfrentaram a ditadura militar de direita para restabelecer a democracia no Brasil. “Tudo o que fiz foi porque acreditava, fiz com o coração e com minha paixão”, disse.

Ainda na comparação com os tucanos, Dilma disparou: “Eu também não apelo. Vocês não me verão recorrendo a métodos desleais, antiéticos, fazendo ou pedindo aos meus militantes que façam ataques pessoais. Eu também jamais direi para esquecerem o que fiz ou o que eu escrevi”, disse a candidata do PT.

Ela disse mais: “Eu não entrego o meu País. Não vou permitir que o Estado seja omisso. Quero um país grande e que não apequenado por idéias mirradas e projetos entreguistas”.

Movimentos sociais – Dilma também atacou diretamente o adversário ao comentar como os tucanos tratam os sindicatos e os movimentos sociais. “Eu respeito os movimentos sociais porque entendo que são a base da verdadeira democracia. Nós sempre vamos garantir que todos sejam ouvidos”, afirmou. “Democrata de verdade não vê movimento social como caso de polícia”, em evidente referência à recente reação de Serra, que ainda governador do Estado e comandante da Polícia Militar do Estado orientou as forças de segurança a reprimir, com bombas, cassetetes e balas de borracha, professores e professoras que reivindicavam melhores salários e qualidade de ensino, no mês de março.

Diálogo? – Lula, ao falar antes de Dilma, revelou uma cena de bastidores bastante esclarecedora a respeito da relação entre o tucanato e a classe trabalhadora. O presidente disse que há 17 dias, quando estava em Tatuí, interior de São Paulo, teve um encontro oficial com José Serra, então governador. Serra haveria pedido que Lula tentasse uma solução negociada com a Apeoesp, sindicato dos professores públicos do Estado de São Paulo. “Eu aconselhei que ele conversasse diretamente com a Apeoesp, que não pedisse que o secretário de Educação (Paulo Renato Souza) , que já tinha se recusado a conversar com os professores, fizesse isso. Ele me disse que ia conversar diretamente”, afirmou o presidente. “Qual não foi a minha surpresa que no dia seguinte ele (Serra) foi viajar e mandou o secretário conversar”, contou Lula.

O fim dos exterminadores – Dilma deu o tom do ato político: “A era dos exterminadores do emprego, dos exterminadores do futuro, acabou”.

Artur Henrique, presidente da CUT, foi explícito ao defender a eleição de Dilma Rousseff: “Vamos eleger a primeira presidente do Brasil, para evitar o retrocesso”.

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