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Como o desemprego afeta o número de brasileiros com plano de saúde

Desde o fim de 2014, quase dois milhões de brasileiros perderam o direito ao atendimento por convênios particulares

O Brasil tinha, no final de junho, 48,4 milhões de beneficiários de plano de saúde, 1,9 milhão a menos do que no final de 2014. Com a queda de 3,79%, o número de beneficiários retrocedeu a níveis parecidos com os de junho de 2013. Os dados são da Agência Nacional de Saúde Suplementar, responsável pela regulação no setor no Brasil.

Quando o número de brasileiros atendidos por planos de saúde atingiu o ápice (50,4 milhões), no final de 2014, a taxa de desemprego estava em 6,4% da população. Um ano e meio depois, o número de desocupados praticamente dobrou, segundo o IBGE, chegando a 11,2% – que corresponde a 11,4 milhões de brasileiros.

Em nota enviada ao G1, a Associação Brasileira de Planos de Saúde culpou justamente a crise econômica e a diminuição de postos formais de emprego como as causas da queda de pacientes.

O impacto da falta de empregos formais

No período em que houve a queda no número de beneficiários, o Brasil fechou cerca de 2,5 milhões de postos de emprego formal, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. É gente que perdeu o emprego de carteira assinada e está desocupada, mas também quem se viu obrigado a migrar para a informalidade.

O DESEMPREGO PODE AFETAR O NÚMERO DE BENEFICIÁRIOS DE DUAS MANEIRAS.

– Diminuição da renda força o cancelamento do plano

– Perda do emprego formal leva a perda do plano empresarial

Dois em cada três clientes de planos de saúde no Brasil são de modalidades empresariais. Esse tipo de plano teve uma queda ainda mais forte no último ano e meio. Segundo a ANS, entre dezembro de 2014 e junho de 2016, os planos de saúde empresariais perderam exatamente 1.501.490 beneficiários, uma redução de 4,47%.

Proposta de plano de saúde popular

Enquanto o número de beneficiários diminui, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, quer incentivar a criação de planos mais baratos. Ele propôs no início do mês que a ANS diminua as exigências de cobertura obrigatória, o que colocaria no mercado modalidades mais baratas de planos de saúde.

O argumento do ministro é que a criação dos “planos de saúde populares” garantiria o acesso de uma parcela maior da população ao atendimento privado. As novas modalidades também aliviariam a demanda sobre o Sistema Único de Saúde, hoje sobrecarregado.

Pela proposta do ministro, os casos mais complexos dos beneficiários continuariam sendo atendidos no SUS e os planos mais baratos ficariam responsáveis apenas pelo atendimento básico.

Críticos da proposta dizem que ela não representaria uma economia significativa para o SUS já que o atendimento básico de saúde corresponde a uma parcela menor dos gastos do governo. Os casos mais complexos, que continuarão a cargo do SUS, representam 42% do orçamento do Ministério, contra 13% da atenção básica.

A ANS, que regula o setor, tem autonomia operacional e não é subordinada ao ministro da saúde. Ricardo Barros, no entanto, disse que vai tentar convencer os dirigentes da entidade sobre sua proposta.

O maior doador individual da campanha de Barros a deputado federal em 2014 é sócio de uma empresa de plano de saúde. Elon Gomes de Almeida, um dos donos do Grupo Aliança, doou R$ 100 mil para a campanha do agora ministro da Saúde.

Ricardo Barros diz que suas contas foram aprovadas e que o valor doado por Elon Almeida correspondeu a apenas 3,1% do orçamento da campanha.

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