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Copa da Inclusão debate saúde mental e sociedade

Em meio às atividades esportivas e culturais, a XV edição da Copa da Inclusão promoveu, na tarde da última sexta-feira, 26 de agosto, a Mesa de Debate “Saúde Mental e Sociedade: lutas, desafios e emancipação”, com a participação do psiquiatra antimanicomial Paulo Amarante; o presidente eleito do Conselho Federal de Psicologia, que tomará posse em dezembro, e também membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), Rogério Giannini; e a psicóloga gestora de Saúde Mental Iana Profeta Ribeiro.

Sob coordenação de Ed Otsuka, psicólogo da Frente Antimanicomial de São Paulo, o debate foi conduzido pela lógica de que saúde mental se constrói com vivência.

“Estamos recebendo de duas mil a duas mil e quinhentas pessoas por dia nesta edição. E, durante esses 15 anos, foram os usuários que sustentaram a Copa, sempre exigindo e participando”, comentou Ed.

Com a palavra, Amarante exaltou a cultura e a prática de esportes, tomando como mote o momento de Olimpíadas.

“Recentemente estive no Maracanã e foi uma comoção. Brasil venceu de Honduras por seis a zero. O esporte sempre comove. Tanto que agora estou comovido aqui, vendo usuários e profissionais reunidos, integrados. Medalha de outro à Copa da Inclusão!”, disse.

Experiência de vida

Giannini citou o tempo de direção do SinPsi, dizendo que o sindicato tem atuado fortemente na Saúde Mental e na luta pela defesa dos direitos humanos.

“A Copa da Inclusão apresenta um aspecto muito específico: ela acontece porque os usuários ficam bem. Quem já experimentou as políticas de saúde mental sabe que precisa delas. A saúde mental é marcada pelo atendimento humanizado, participativo, democrático. É um produto da nossa experiência de vida”, afirmou.

Ele também considerou que os usuários de saúde mental são usuários de outros serviços e precisam exigir participação sempre. E, na conjuntura atual, de retrocesso na democracia, é importante pensar que política pública é feita com dinheiro, não com migalhas.

Encerrando a mesa, Iana falou dos CAPs que substituíram os hospitais psiquiátricos. Só na região do ABC foram fechados cinco manicômios.

 

“Hoje temos certeza do que queremos. Temos certeza de que é possível viver numa sociedade sem manicômios. A Copa da Inclusão mostra isso. E fortalece a nossa luta E é especial acontecer em um momento em que as pessoas apostam na desesperança. O discurso comum é de que ninguém presta, de que ninguém vai conseguir fazer mudar. Mas aqui não! Aqui já mudamos muito!”, frisou a psicóloga, se emocionando ao final. “Nós não podemos estar separados. É o nosso coletivo que vai manter esse projeto erguido”, finalizou.

Em seguida, foi aberto espaço para perguntas dos presentes. Prontamente um usuário perguntou pra quê serve o eletrochoque.

“É muito mais por uma necessidade do médico de suprir sua intolerância do que de oferecer um tratamento efetivo ao paciente”, pontuou Paulo Amarante.

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