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Debate discute os 10 anos da resolução 18/2002

Estratégias e desafios para atuação de psicólogos (as) em relação ao preconceito e discriminação racial foram destaques no debate online 10 anos da Resolução 18/2002 sob uma invisibilidade que faz sofrer: por uma sociedade sem racismo. O diálogo aconteceu em 19 de dezembro em Brasília, no mesmo dia em que se comemora o decenário da Resolução. 

O debate contou com a presença da conselheira do CFP, Marilda Castelar, da psicóloga e especialista em Dinâmica Energética do Psiquismo e do Instituto AMMA Psiquê, Maria Lúcia da Silva e do representante do CFP no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad), Marcus Vinícius. 

Para Marilda Castelar, a resolução simboliza um avanço na luta da categoria pelos direitos humanos, mas ela ressalta a importância em discutir o contexto atual do Brasil. Indicadores produzidos inclusive por órgãos estatais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) comprovam que negros (as) e pardos (as) são maioria no país, somando 97 milhões – quase a metade da população brasileira, que corresponde a 191 milhões (IBGE/2010).

Com base nesses indicadores, Castelar considera necessário provocar uma discussão sobre o racismo para indagar o modo como a Psicologia tem agido em relação ao tema. “O tema não é exclusivo apenas para psicólogas (os) negros (as), mas de toda categoria. A atenção ao racismo deve perpassar toda prática profissional, seja nas bandeiras de luta da Psicologia, seja no âmbito profissional ou nas suas atividades. O enfrentamento deve passar inclusive pelos processos de orientação profissional, ensino e também nas políticas públicas”, ressaltou. 

Marilda também falou da estratégia de publicidade da Resolução para que ela se torne mais conhecida entre psicólogos (as). “Uma das ações que traçamos foi distribuir a Resolução em eventos, acordada em todo o Sistema Conselhos. Outra atividade foi a divulgação ampla do cartaz, que pode ser solicitado nos Conselhos Regionais de Psicologia”, lembra. 

Conforme Maria Lúcia da Silva, outro aspecto que auxiliará na visibilidade à Resolução é o II Encontro Nacional de Psicólogos Negros e Pesquisadores sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (PSINEP), que acontece em março de 2013, em Recife. Esta edição tem o objetivo de pensar no racismo e na saúde pública, além de trabalhar na ênfase da formação do (a) psicólogo (a) por meio de disciplinas que abordem as relações raciais.

O I Psinep aconteceu em 2010, na Universidade de São Paulo, e trouxe a certeza de que existe uma preocupação da categoria com a temática. O encontro promoveu debates sobre o racismo como promotor do sofrimento psíquico; o racismo e formação e a história da Psicologia; e ideologias racistas no campo teórico. 

Sobre os avanços e desafios do racismo na Psicologia, Marcus Vinicius destacou que até a elaboração da Resolução nº 18, em 2002, a categoria mantinha-se alheia à violência simbólica que se constitui na discriminação racial e no sofrimento dos (as) afrodescendentes nas mais diversas dinâmicas das relações sociais. 

Segundo Vinícius, a categoria tem muito a comemorar, pois a Psicologia se sensibilizou com o tema ao longo da última década, especialmente no que diz respeito aos direitos humanos. “Hoje temos a possibilidade de termos reunidos psicólogos (as) negros (as) para poder discutir abertamente a transformação do problema, e esse é um dos principais avanços que libera espaço e interesse para investigações e pesquisas sobre a dinâmica do racismo”, disse. 

No entanto, Marcus Vinícius ressalta que a complexidade da questão do racismo ainda é limitada. De acordo com ele, psicólogos (as) precisam tratar com maior profundidade o tema das relações raciais, do racismo, das violências simbólicas, do sofrimento mental e dos efeitos malévolos das dinâmicas do racismo na produção das subjetividades subalternas. “Temos muito trabalho pela frente”, projetou. 

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