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Dezembro Vermelho coloca Aids e ISTs em visibilidade

Aprovada pelo Senado em outubro deste ano, a Lei 13.504 institui a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. É a campanha Dezembro Vermelho, que tem foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/Aids.

Estão previstas atividades e mobilizações em todo o Brasil: prédios públicos iluminados na cor da campanha, além de palestras, atividades educativas e promoção de eventos. As ações contam com parcerias entre o poder público, sociedade civil e organismos internacionais, de acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) para enfretamento da Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Nesse sentido, o SinPsi convoca toda a categoria a se engajar nessa campanha, para que a divulgação e orientação sejam efetivas e alcancem a toda a sociedade. Independente da área de atuação, o psicólogo e a psicóloga devem conscientizar seus pacientes e usuários dos serviços sobre a importância de prevenir a Aids e as ISTs, bem como a de manter em dia exames de rotina.

Falta de recursos no SUS

Esse tipo de ação aumenta a visibilidade dessas doenças, principalmente para a prevenção da transmissão do vírus HIV. Para falar especificamente sobre este tema e as políticas atuais no setor, o  Brasil de Fato conversou com especialistas na área da saúde.

Para a médica infectologista Patrícia Rocha, o processo político atual vivenciado pelo Brasil impacto na aplicação de políticas públicas para o combate da doença: “A política de Aids não está descolada da política de saúde. E é claro que a gente vem sofrendo os reflexos do subfinanciamento do SUS”.

Rocha atende no Serviço de Atenção Especializada em DST/AIDS do Butantã, em São Paulo, e compõe a Rede de Médicas e Médicos Populares. Como ponto positivo observado nos últimos tempos, ela lembra que a chamada PREP, profilaxia pré-exposição, começou a ser disponibilizada no SUS, Sistema Único de Saúde: “É uma medicação que se uma pessoa que não tenha HIV e que tem uma alta chance de se infectar pelo HIV tomar, há uma prevenção. Isso é uma política pública interessante, porque a gente tem populações mais vulneráveis à infecção do que a população geral”.

A médica diz ainda que nos aparelhos específicos de atendimento e tratamento de HIV da gestão municipal, está havendo um sucateamento. No serviço de Atenção Especializada em DST/AIDS, onde ela trabalha, por exemplo, profissionais especializados estão prestes a aposentar e não há previsão de contratação de novos funcionários da área.

“A gente vive diariamente histórias de pessoas que demoraram a se testar, ou já sabiam que estavam positivas e demoraram a chegar no serviço, correndo risco, inclusive, por conta de não consegui lidar, de não querer que abrissem, que soubessem que elas são portadoras”, diz.

Outro problema está relacionado ao tratamento dispensado às pessoas soropositivas. Aline Ferreira, que é psicóloga, negra, soropositva e representante da rede estadual de jovens vivendo com HIV, considera que a Aids é “um estigma de um projeto de sociedade, heteronormativo, higiênico, racista”.

“A aids é uma doença que diz de um projeto de sociedade, heteronormativo, higiênico, racista. Então o estigma da Aids está relacionado a tudo isso e aí é preciso discutir esse projeto de sociedade, para além do HIV em si”.

De acordo com dados da Unaids, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, em 2016, havia 830 mil pessoas vivendo com no HIV no Brasil. Cerca de 48 mil pessoas foram infectadas com o vírus no ano passado e 14 mil morreram por causas relacionadas ao HIV.

Profissionais da saúde recomendam que, diante de relação sexual desprotegida ou compartilhamento de seringas, seja realizado o teste de HIV; Quanto antes o vírus for descoberto, mais cedo poderá ser iniciado o tratamento antirretroviral para evitar que a infecção evolua para a aids. Para a realização do teste, procure o serviço de saúde mais próximo na sua cidade. O serviço é gratuito.

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