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Dia de luta em defesa da Reforma Política começa com dirigentes e trabalhadores da CUT nas ruas

Em panfletagem na Praça da Sé e no metrô Brás, militância aproveitou para explicar proposta à população

Com jornais da juventude na mão – afinal, ontem (12) também se celebrou o Dia Internacional dos Jovens – e as propostas do Plebiscito Popular pela Reforma do Sistema Político na ponta da língua, dirigentes e trabalhadores da CUT foram às ruas de São Paulo para fazer o que se chama no meio sindical de trabalho de base.

No início da manhã desta terça-feira (12), a militância foi à Praça da Sé e à Estação Brás, próxima à sede da Central, para distribuir o material e conversar com a população sobre o que cada um de nós pode mudar ao votar em defesa da convocação de um Constituinte para discutir a mudança de regras no jogo político.

Ir às ruas significa encontrar uma miscelânea de cores, categorias de trabalhadores, de diferentes bairros da cidade e de pensamentos diversos. Algumas pessoas se diziam apolíticas, outras não pegavam o jornal porque estavam com pressa para o trabalho, mas muitas afirmaram buscar esperança num modelo política que não favorece a classe trabalhadora.  

Olhar dos estudantes

Na saída da Estação Sé, sete mil jornais foram entregues. Ali, dois grupos de estudantes do Centro Educacional Pioneiro, escola da Vila Clementino, na zona sul da capital paulista, realizavam um trabalho para o 1º ano do ensino médio, cujo tema era “Como SP se organiza para viver?”.

Uma das estudantes, Ana Flávia Garcia, 15, se lembra das manifestações ocorridas no ano passado que tomaram as ruas do país e da luta para que a voz da sociedade seja ouvida. “A população tem muita vontade de expressar o que está sentindo e interagir com o Congresso, só que a violência que tomou conta dos protestos atrapalhou e gerou medo. Mas têm pessoas que querem ajudar de verdade e mostrar a proposta que tem para o país, essas são as que precisam se unir”, afirma.

Para ela os trabalhadores e dirigentes da CUT explicaram que os movimentos defendem com a reforma política uma maior representação de mulheres, negros e indígenas no Congresso, pouco representados no parlamento. 

Já o estudante Fabrízio Figueiredo, 15, acredita que a política precisa se renovar e a discriminação racial é um dos muitos assuntos que deve ser debatido. “O racismo existe, mas as pessoas não admitem que são racistas. É involuntário e, no fundo, todo mundo tem um pouco de preconceito contra a população negra”.

Ao falar sobre a questão indígena, disse desconhecer esta realidade. “Sempre pensei neles dentro das aldeias, comendo peixe. Mas hoje vejo que está diferente porque vemos indígenas protestando e querendo entrar na política”, completou Fabrízio.

Mateus Henrique, 15 anos, acredita que é preciso participar da vida política, mesmo que cedo, para ter uma opinião formada mesmo tendo o direito de voto só depois dos 16 anos. “Não procuramos essas informações.  Esse diálogo podia ser diferente porque às vezes é um pouco chato e parece horário político, que eu nunca parei para assistir na vida. Não dá vontade de acompanhar porque é muito monótono. Se fosse mais cativante, com uma linguagem mais voltada para a juventude, seria melhor”.

Em defesa da causa

Na estação Brás, os mais de três mil jornais sumiram das mãos dos trabalhadores em menos de duas horas. Muitas pessoas paravam para pedir a publicação e aí era hora de aproveitar e saber o que a população gostaria de ver diferente no atual sistema político.

A maior parte da população ainda não conhece a campanha, o que representa um grande desafio para os movimentos sociais. Especialmente, porque a maior parte das pessoas demonstra grande interesse em participar, quando conhece a proposta.

O cortador têxtil Genilton Ferreira, 43, afirmou que o cenário atual é desanimador. Para ele, é preciso de regras que cobrem do político mais ética. “O mundo está globalizado, mas o Brasil está atrasado, inclusive na política. Uma reforma é realmente muito importante”, avaliou.

Há três meses em São Paulo, a vendedora piauiense Carmen da Silva, 22, como muitos brasileiros, associa o exercício da política à corrupção. Nestas eleições, ela não poderá votar, porque perdeu o prazo para transferir o título de eleitor. Porém, se mostrou disposta a partir da campanha pelo plebiscito. “É muito importante fazer algo assim para melhorar o país.”

Morador de Itaquera, na zona leste de São Paulo, Everton Fernando, 23, se define como “marreteiro”, o popular vendedor ambulante. Um dos milhares de representantes em São Paulo, da economia informal, vestia óculos escuros, bonés e passava pela padaria antes de ir “à luta”. Também como muitos jovens, afirma votar em branco porque não gosta de político, mas se comprometeu a participar da campanha e a deixar o voto no “sim”, quando passar por uma das urnas. “Precisamos melhorar, fazer algo para que os políticos sejam obrigados a cumprirem o que prometem. Se for para fazer isso, vou participar dessa campanha”, disse.

As atividades continuam em todo o país e, na capital paulista, terminam com um grande ato na Praça Ramos, às 16h.

Para saber mais, acesse o site da campanha: plebiscitoconstituinte.org.br

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