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Em ato pró-democracia, pacote fiscal é duramente criticado

O pacote apresentado ontem pelo governo Dilma acabou por ser o assunto mais comentado – e criticado – do ato realizado pela CUT na manhã desta terça-feira, na capital paulista.

“É lamentável. É um pacote recessivo, que imputa a culpa da crise aos trabalhadores, que vai exatamente no sentido contrário das propostas que a CUT tem apresentado, para geração de emprego e renda, para que o Brasil volte a crescer. Esse pacote dialoga com a política do Levy, que é uma política de recessão, de corte e não de investimento, de corte nos direitos dos trabalhadores”, criticou o presidente da Central,Vagner Freitas, em entrevista aos jornalistas.

Vagner deu especial destaque a medidas relativas aos trabalhadores públicos federais. “É um pacote que, de novo, tunga os direitos dos servidores federais que estão em processo de negociação e que teriam, a partir de janeiro, o resultado desse processo, agora adiado por seis meses”, atacou, em referência ao anúncio de que o governo, que pagaria um reajuste aos federais em janeiro, conforme previsto em acordo fechado entre as partes, adiou o pagamento para agosto do próximo ano.

O presidente da CUT bateu duro na falta de articulação política do governo Dilma. “O que mais uma vez nos espanta é a falta de diálogo com a sociedade. Não tem um fórum que foi criado pelo governo para discutir as questões de salário, previdência, direitos? Antes de instalar o fórum, que seria o lugar de discussão democrática com a sociedade, o governo governa por pacote”.

Campanhas salariais

O ato de hoje tinha por objetivo fazer o lançamento unificado das campanhas salariais das categorias que têm data-base neste segundo semestre, como forma de demonstração de que os sindicatos cutistas estão unidos na luta por aumentos salariais e outras reivindicações, a despeito da crise econômica e política.

Sobretudo, a manifestação, que aconteceu diante da sede da Fiesp, na avenida Paulista, tinha por lema a defesa da democracia, num claro posicionamento de que o mandato da presidenta Dilma deve continuar até 2018, contra as correntes que defendem a interrupção de seu governo.

O pacote anunciado ontem pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy trouxe dificuldades adicionais à tarefa. “A CUT vê esse pacote com mal olhos, entende que é enfatizar a crise e isso não dá”, acrescentou Vagner.

Os trabalhadores não vão pagar pela crise

“Nos momentos de dificuldade econômica, tanto a iniciativa privada quanto os governos tentam utilizar essa dificuldade para impor uma política de arrocho aos trabalhadores e é por isso que estamos aqui hoje e continuaremos as mobilizações: não vamos aceitar que o trabalhador pague pela crise e pelo momento difícil por que passa a economia”, afirmou o presidente da CUT estadual São Paulo, o professor público Douglas Izzo.

O respeito ao mandato de Dilma, eleita no final do ano passado com 54 milhões de votos, foi reafirmado pela CUT. “O mandato da presidenta Dilma é legítimo, democrático e tem que acabar em 2018 para que o Brasil não tenha soluções ainda piores que esse pacote”, afirmou Vagner Freitas aos jornalistas. “Uma coisa é a crítica que faço ao pacote, agora, golpe não vamos tolerar”, completou.

Vagner comentou também que o pacote anunciado ontem, embora voltado para as demandas do mercado, não atinge seu objetivo e ainda contraria a base social que elegeu Dilma.

“Se a intenção do governo com o pacote era tentar aliviar a pressão da grande mídia, ela continua contrária ao pacote do mesmo jeito, chamando-o de ‘incipiente’. Ou seja, não dialoga nem com o empresariado, nem com os trabalhadores que são aqueles para quem o governo deveria governar”, disse Vagner.

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