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Em meio às ações policiais na Cracolândia, SP sedia debates sobre política de drogas

O objetivo das dinâmicas é refletir sobre os impactos sociais da atual política de guerra às drogas. Programação faz parte da campanha 30 dias por Rafael Braga

 

Entre os dias 26 e 29 de junho, São Paulo recebe uma série de atividades sobre política de drogas e seus impactos no cotidiano da cidade. Os eventos fazem parte do encontro “As múltiplas faces da política de drogas em SP”, organizado por diversas entidades que atuam no campo dos direitos humanos.

Com o início programado para o Dia Internacional de Combate às Drogas, os quatro dias de atividades preveem discussões sobre os muitos problemas decorrentes da atual política de drogas. Da Cracolândia às favelas, das prisões às clínicas, os diálogos trarão especialistas, ativistas e usuários e usuárias de drogas que compartilham de uma mesma ideia: o modelo de combate às drogas não funciona.

A megaoperação policial no bairro da Luz, na região conhecida como Cracolândia, realizada no dia 21 de maio, é vista como mais uma prova da falência do modelo. Pautada na exclusão e na violência, a política de combate ao tráfico é uma das principais razões para o encarceramento em massa no país, onde um terço da população prisional, majoritariamente negra, responde por crimes ligados à Lei de Drogas.

Entre as mulheres, a privação de liberdade por conta da Lei de Drogas chega a 64%. Desde que a lei foi aprovada, em 2006, o número de pessoas presas por tráfico de drogas no Brasil saltou de 31.529 para 138.366, em 2013 – um aumento de 339%.

“A atual política de drogas é a justificativa mais atual, de parte do Século XX e início do XXI, para desenvolver mecanismos de extermínio do povo negro. Essa política nos deixa super representados na população em situação de rua, nos números da letalidade policial, nos presídios e criminaliza os territórios pobres”, explica Nathalia Oliveira, presidenta do Conselho Municipal de Drogas e Álcool de São Paulo e coordenadora da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD).

O encontro é organizado pela Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Plataforma Brasileira de Política de Drogas, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, Centro de Convivência É de Lei e Fórum Intersetorial de Drogas e Direitos Humanos e faz parte da campanha 30 Dias por Rafael Braga. A iniciativa foi lançada após a condenação do único detido no contexto das manifestações de junho de 2013. Em abril, Rafael Braga foi condenado a 11 anos e três meses de prisão por portar 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um rojão. Negro e pobre, o jovem do Rio de Janeiro é um retrato da execução da Lei de Drogas no Brasil.

Todas as atividades do evento são gratuitas e abertas ao público.

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