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Em SP, secretaria quer combater violência e promover autonomia econômica às mulheres

Para prefeito Fernando Haddad (PT), igualdade entre homens e mulheres passa pela reorganização do uso de espaços públicos como centros desportivos, dominados pela presença masculina

A secretária de Políticas para Mulheres da Prefeitura de São Paulo, Denise Motta Dau, afirmou ontem (14) que os três principais objetivos da nova pasta serão o enfrentamento da violência contra as mulheres, a promoção da autonomia feminina por conta de políticas de geração de emprego e renda e a articulação entre todas as secretarias municipais para o desenvolvimento e melhoria de políticas voltadas às mulheres.

“A superação das desigualdades só pode ser de fato resolvida a partir de uma secretaria. Além de uma ação específica voltada para os equipamentos públicos, a articulação com as demais secretarias é fundamental para ajudar a superar as desigualdades de gênero”, afirmou a secretária durante o primeiro evento público realizado pela secretaria na prefeitura com representantes de movimentos feministas, de mulheres, sociais e lideranças políticas.

Ao citar informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dando conta que 52,7% da população economicamente ativa são mulheres, Denise defendeu as políticas de geração de emprego e renda na promoção da autonomia econômica feminina e no combate às desigualdades sociais e econômicas entre homens e mulheres.

Convidada especial do evento, a ministra Eleonora Meneccuci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma das mentoras da criação da secretaria municipal, disse que são principalmente as integrantes de movimentos feministas, de mulheres e sociais que irão garantir a sustentação da nova pasta.

Para a ministra, o significado político da criação da nova secretaria é importante porque demonstra compromisso da prefeitura com as mulheres. “É no município que a oferta de políticas públicas tem de acontecer”, disse. Eleonora foi muito aplaudida ao defender os “direitos políticos, econômicos, sociais, sexuais e reprodutivos das mulheres”.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), único homem sentado à mesa, também foi ovacionado ao defender maior igualdade entre homens e mulheres no usufruto dos espaços públicos.

Haddad afirmou que a violência contra a mulher é intolerável, principalmente a violência doméstica, mas que há muitas outras coisas intoleráveis na cidade, como a desigualdade na ocupação de espaços públicos como centros desportivos, geralmente dominados pelo presença masculina. “Eu visitei dezenas de centros esportivos na cidade e a presença feminina é muito acanhada porque aquilo é uma apropriação masculina do espaço público e é preciso abrir clareiras e organizar melhor estes espaços”, disse.

O prefeito voltou a apontar as diferenças entre suas propostas na campanha eleitoral e as de seu adversário no segundo turno das eleições, José Serra (PSDB), como baliza para a definição de suas políticas: ”Queremos um ambiente de paz, de prosperidade, de desenvolvimento humano, de convivência pacífica, de respeito mútuo. Um recado que a população de São Paulo deu nestas eleições foi na direção destes valores. Ela rejeitou a intolerância, rejeitou o preconceito”, disse, ao fundamentar a criação das secretarias de Políticas para Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial.

Para Ana Cristina das Neves Silva, do Movimento de Mulheres Anzol, da zona leste de São Paulo, a nova secretaria representa um avanço na luta da cidade por igualdade. “Isso é fruto da luta de todas nós, mulheres, que o prefeito soube reconhecer e valorizar.” Segundo ela, o ideal era que a política para mulheres fosse tratada pelos governos de uma forma apartidária para evitar, como tem ocorrido em São Paulo, que haja descontinuidade conforme o partido que está no poder.

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