Em abril deste ano, Resolução 163 definiu como abusivo o direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança
São Paulo – A publicidade infantil, tema da redação da prova do Enem aplicada no último final de semana, agradou entidades ligadas aos direitos da criança e do adolescente, que consideram a discussão um avanço para a Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), publicada em abril, que considera abusivo o direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança.
Ana Claudia Bessa, do Movimento Infância Livre de Consumismo, do Rio de Janeiro, avalia que a resolução não está sendo respeitada pelas agências publicitárias, e, por isso, o debate na educação pode pressionar o setor. “Termos jovens falando sobre isso é incrível porque eles sofrem, mesmo que inconscientemente, a influência da publicidade”, disse hoje (12) à Rádio Brasil Atual.
Além disso, Claudia afirmou que a inclusão do tema no Enem, a regulamentação da publicidade infantil passa a ser discutida nas escolas e nos cursinhos preparatórios para o vestibular. “As empresas de publicidade estão trabalhando arduamente nos bastidores para cancelar essa resolução. A nossa dúvida é como o Conanda vai fazer para que seja cumprida”, observou.
Para Pedro Hartung, do Instituto Alana, que atua na defesa dos direitos da criança e do adolescente, o tema está na agenda política nacional e, ao ser tratado na redação do Enem, ganha outra dimensão. “Ele vai para as famílias, vira tema de discussão nos lares. Esse sempre foi o objetivo, fazer com que as pessoas reflitam sobre o consumismo, especialmente na infância”, disse.
Hartung esclareceu que o objetivo não é acabar com a publicidade, e sim buscar uma mudança de paradigma, para que a publicidade que dialoga com o público infantil seja direcionada ao público consumidor, ou seja, os país. Ele cita denuncias que o Alana recebeu de botijão de gás contendo publicidade para crianças.
“As empresas podem ser de vanguarda e estimular que as agências de publicidade pensem outras formas de fazer a publicidade, para vender não precisa fazer tudo, desrespeitar criança, se utilizar da venerabilidade delas”, desabafou o ativista.
Ouça aqui a reportagem completa realizada pela Rádio Brasil Atual.